Ex-deputado federal paraibano lança livro com bastidores da candidatura de Silvio Santos à presidência da República em 1989
O dia 9 de novembro de 1989 foi uma data importante para o mundo e para o Brasil. Para o mundo, marcou a queda do muro de Berlim. No Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral barrou por unanimidade a candidatura do apresentador Silvio Santos para concorrer à presidência – candidato até aquele momento com maiores chances para ganhar as eleições. Por uma filigrana jurídica, o TSE decidiu haver uma falha no registro do partido de Silvio Santos. Por esse detalhe, o partido não poderia existir, embora estivesse com um candidato, que Silvio iria substituir, fazendo campanha normalmente. Não havendo partido, não havia candidato. Um economista ainda desconhecido na política foi o principal articulador para que isso ocorresse: Eduardo Cunha, que anos mais tarde se tornaria presidente da Câmara.
Para Gadelha, a versão de que o PMB não cumpriu determinadas exigências legais foi, na verdade, uma engenhosa conspiração para impedir a candidatura do Silvio Santos – que seria imbatível nas urnas. E havia um pacto em torno de Collor, segundo Gadelha. Aquela eleição, portanto, ficou marcada na história do Brasil. Afinal, Silvio entrou na disputa faltando apenas 12 dias para a votação.
Numa conversa, Aureliano concordou com a iniciativa. Tudo parecia acertado para Silvio sair candidato pelo PFL, mas algumas horas depois, o quadro inexplicavelmente mudou: Aureliano Chaves havia mudado de ideia.
Nas andanças por Brasília para viabilizar a candidatura do apresentador, era necessário ainda vencer a presença ostensiva dos jornalistas. Numa fuga da imprensa, com ares de cinema, Gadelha sai de carro com Silvio, em alta velocidade, para ir a uma reunião:
“Ma-ma-ma-mas, Gadelha! Também temos de morrer para chegar à Presidência da República?” – dizia Silvio.
A correria por um partido terminou após uma conversa com Armando Corrêa, candidato pelo PMB – Partido Municipalista Brasileiro. E Corrêa concordou em ceder seu posto.
Como foi lançada cerca de duas semanas antes do primeiro turno das eleições, não era mais possível colocar o nome de Silvio Santos na cédula, porque já havia sido impressa. Em mais um dos muitos fatos inusitados dessa campanha, era preciso fazer com que o eleitor compreendesse que, para votar no apresentador, teria que marcar o nome de Armando Corrêa na cédula.
Silvio Santos, que irá completar 90 anos, no dia 12 de dezembro, é ainda uma das figuras públicas mais populares do país. Alguém com capacidade de balançar qualquer campanha eleitoral. E foi o que aconteceu em 1989, mobilizando atitudes drásticas em seus concorrentes que acabaram conseguindo impugnar sua candidatura.
São essas algumas das histórias que o leitor encontrará no livro, narrado de maneira envolvente por Marcondes Gadelha que, por ter estado diretamente envolvido no pleito, tem informações privilegiadas de bastidores.
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