Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro abre processo de impeachment contra o governador Wilson Witzel
Nonato Guedes, com agências
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj),
André Ceciliano, do PT, declarou, ontem, aberto o processo de
impeachment contra o governador Wilson Witzel, do PSC, após votação
simbólica do plenário. Dos 70 deputados presentes à sessão, 69 se
manifestaram pelo prosseguimento do rito de impeachment e até mesmo
deputados do partido de Witzel optaram pelo curso das investigações, o
que, para analistas, sinaliza enfraquecimento do chefe do Executivo
junto ao Legislativo fluminense. Witzel enfrenta suspeitas de corrupção e
atritos entre membros do seu secretariado e parlamentares.
A crise no Rio uniu políticos bolsonaristas e o PSOL pelo impeachment
do governador, que ainda recentemente foi alvo de operação comandada
pela Polícia Federal. Ceciliano abriu a sessão lembrando que a Casa
Legislativa acumulava 14 pedidos de impeachment contra o governador,
cujo nome é associado a supostas fraudes em compras para a área da Saúde
em meio ao estado de emergência decretado por causa da pandemia do
coronavírus. O requerimento que será levado adiante foi apresentado
pelos deputados Luiz Paulo e Lucinha, ambos do PSDB, e se baseiam nas
denúncias relacionadas a desvios na saúde estadual. Além do pedido
aceito, outros seis requerimentos foram arquivados na mesma decisão. O
presidente da Casa informou que o governador terá direito à ampla defesa
no processo.
Ceciliano, que também votou favorável ao rito de impeachment, deixou
claro que a decisão de instauração do processo não é um pré-julgamento.
Disse que poderia tomar uma decisão monocrática mas que preferiu abrir
uma votação simbólica. “Precisamos ouvir o governador, trazer o
governador à Alerj. Ele precisa ter a possibilidade de se defender”,
emendou. Após a conclusão da votação, o governador Wilson Witzel frisou
que recebeu com “espírito democrático” a decisão da Alerj de abrir
processo de impeachment contra ele. Em nota, Witzel afirmou que está
absolutamente tranquilo sobre sua inocência. “Fui eleito tendo como
pilar o combate à corrupção e não abandonei em nenhum momento essa
bandeira. E é isso que, humildemente, irei demonstrar para as senhoras
deputadas e os senhores deputados”, expressou.
Witzel informou que seguirá em suas funções, sem precisar se afastar
do cargo, e que ao mesmo tempo vai preparar sua defesa no processo,
afirmando ter certeza de que os parlamentares julgarão os fatos “como
verdadeiramente são”. Ele foi didático: “Como ressaltaram o presidente
da Alerj, André Ceciliano, e a maioria dos parlamentares, terei direito à
ampla defesa e tenho certeza absoluta de que poderei demonstrar que
nosso governo não teve tolerância com as irregularidades elencadas no
processo que será julgado”. Parlamentares presos na Operação Furna da
Onça, que recentemente retomaram os mandatos, foram a favor do
afastamento de Witzel. A atual gestão do Estado foi alvo de três
operações contra a corrupção: Mercadores do Caos, Favorito e Placebo.
Todas apuraram irregularidades em contratos sem licitação. Witzel e a
primeira-dama Helena são investigados pela Procuradoria-Geral da
República. Caso os deputados confirmem o impeachment após todo o rito, o
governador, inicialmente, ficará afastado por 180 dias. Nesse período
será criado o chamado Tribunal Processante, com cinco deputados, cinco
desembargadores sorteados e mais o presidente do Tribunal de Justiça do
Rio, Cláudio de Mello Tavares. Será este grupo que determinará ou não a
cassação definitiva de Witzel.
Os Guedes
Nenhum comentário:
Postar um comentário