Invasão à TV Globo: apresentadora Renata Vasconcellos pede paz e o presidente Jair Bolsonaro repudia agressão

O “Jornal Nacional”, da TV Globo, tentou apaziguar os ânimos sobre o
episódio do homem que invadiu a sede da emissora, ontem, com uma faca e
fez a repórter Marina Araújo de refém, insistindo em falar com a
apresentadora Renata Vasconcellos. “O homem estava perturbado, ele
exigia ver Renata Vasconcellos porque é o aniversário dela e ficava
repetindo isso o tempo todo”, comentou William Bonner, âncora que divide
a bancada do JN com Renata. De acordo com o jornalista, o coronel
Heitor Henrique Pereira, da PM, negociou com o criminoso e fez com que
Renata Vasconcellos chegasse ao local. “Quando o invasor viu a Renata,
ele na hora soltou a arma, libertou a Marina Araújo e foi preso. Ninguém
saiu ferido, felizmente”, completou Bonner.
Mais cedo, a emissora desmentiu informações veiculadas em redes
sociais de que o ataque teve motivação política. “Foi obra de alguém com
distúrbios mentais, sem nenhuma conotação política”, disse a Globo na
nota. Renata Vasconcellos reagiu: “Vida que segue, desejo a todos paz”. O
caso teve repercussão em outras emissoras de televisão, como a Band e
CNN que se solidarizaram com as jornalistas Marina Araújo e Renata
Vasconcellos. O presidente Jair Bolsonaro, que tem sido alvo de críticas
da Globo e que também tem fustigado a emissora, inclusive ameaçando
cassar a renovação de licença para seu funcionamento, prestou
solidariedade a Marina e a Renata no Twitter.
– Repudio completamente qualquer ato de violência contra
profissionais da imprensa, o que vai na contramão de nossa defesa
histórica e irrestrita da liberdade de expressão e de informação, seja a
favor ou contra qualquer governo – escreveu o presidente em sua conta. E
acrescentou: “Presto solidariedade às jornalistas Marina Araújo e
Renata Vasconcellos, que foram alvos desse atentado covarde e
inaceitável, espero que o caso seja apurado brevemente e o autor punido
com o rigor da lei”. Seu filho, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) igualmente se
manifestou na mesma rede social: “Repudio qualquer prática violenta
contra membros da imprensa, o que vai na contramão de tudo que
defendemos: liberdade de expressão e não interferência do Estado nos
meios de comunicação. Quem invade uma propriedade privada e ameaça uma
vida indefesa merece apodrecer na cadeia”.
Ontem, também, em sua página no Facebook, o presidente Jair Bolsonaro
anunciou que vai recriar o Ministério das Comunicações e nomear como
titular da pasta o deputado federal Fábio Faria (PSD-RN), genro do
apresentador e proprietário do SBT Sílvio Santos. O parlamentar é casado
com a apresentadora Patrícia Abravanel, filha de Sílvio e o decreto já
foi publicado no Diário Oficial da União. Conforme Bolsonaro, será
publicada uma Medida Provisória para desmembrar o atual Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que atualmente é chefiado
por Marcos Pontes. No Twitter, Pontes desejou sucesso a Faria na
organização do novo ministério. “Desejo sucesso ao ministro Fábio, que
conta com meu apoio para organizar o novo ministério. Continuamos juntos
a compor o governo no comando da Ciência, Tecnologia e Inovações”.
A nota do governo federal explica que a recriação do Ministério das
Comunicações ocorreu sem nenhum aumento de despesas, utilizando-se
apenas cargos de estruturas já existentes. A Secretaria Especial de
Comunicação Social, hoje na Secretaria do Governo da Presidência da
República, foi extinta e suas competências incorporadas ao novo
Ministério. O Ministério das Comunicações existiu até 2016 quando a
ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada pelo Senado após a Câmara
aprovar a abertura do pedido de impeachment que mais tarde terminaria
com a cassação definitiva de seu mandato. Fábio Faria é deputado federal
desde 2007 e está no PSD desde 2011. O partido é considerado como parte
do “Centrão” no Congresso Nacional, embora um dos líderes da legenda, o
ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, tenha negado
esse rótulo em entrevista ao UOL. Faria ocupa a terceira secretaria da
Mesa da Câmara e, agora, o PSD deve indicar um nome para substituí-lo.
Os Guedes
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