Relatório da Polícia Federal aponta ação isolada de Adélio Bispo em atentado contra Bolsonaro
No
dia 11 de maio, um dos filhos do presidente da República, Carlos
Bolsonaro, reavivou em seu Twitter uma discussão que divide opiniões
desde as últimas eleições: quem mandou matar Bolsonaro? No post, o
vereador do Rio de Janeiro disse que é “falta de caráter achar que
Adélio agiu sozinho e que seria doente mental diante de tantas
evidências”. Lançando dúvidas sobre a investigação conduzida pela
Polícia Federal, ele afirmou: “É óbvio que há peixe grande nesse crime e
está sendo acobertado. O que diria Sergio (Moro) já que agora está tão
ativo, pelo menos na internet?”. O comentário foi reproduzido por
milhares de pessoas — que voltaram a especular sobre o fatídico atentado
em Juiz de Fora, Minas Gerais, em setembro de 2018. Naquela ocasião, o
então candidato a presidente sofreu uma facada no abdômen que quase
ceifou a sua vida.
O
comentário de Carlos Bolsonaro foi publicado às vésperas de a Polícia
Federal entregar à Justiça um relatório sobre a investigação do caso. No
documento, obtido por VEJA, são listadas todas as apurações feitas
desde setembro de 2018. Ao todo, foram ouvidas 77 testemunhas e
entrevistadas 65 pessoas durante os trabalhos realizados em diferentes
cidades do país. Para descobrir se houve um mandante do crime, peritos
analisaram 611 995 sinais de telefone, 350 horas de imagens, 1.200
fotos, 6 000 mensagens instantâneas e 2 300 e-mails. Além disso, foram
rastreados os últimos sete anos da vida do ex-garçom Adélio Bispo de
Oliveira, preso em flagrante logo após atacar Bolsonaro. A PF levantou
as suas viagens pelo Brasil, as suas últimas chamadas telefônicas, as
transações bancárias e as mensagens enviadas pelo Facebook.
Os
advogados do esfaqueador também passaram por um rigoroso pente-fino –
que examinou as suas relações com membros de facções criminosas, os seus
sigilos bancários e o histórico de patrimônios. O único material que
não pode ser averiguado foram os celulares dos defensores. A perícia nos
aparelhos foi suspensa após uma decisão do Tribunal Regional Federal da
1ª Região, que analisa se o acesso ao conteúdo dos telefones violaria o
sigilo profissional. “Até aqui, a investigação, marcada
ininterruptamente pelo rigor técnico, demonstrou que Adélio Bispo de
Oliveira atuou sozinho, por iniciativa própria, tendo sido responsável
pelo planejamento da ação criminosa e por sua execução, não contando, a
qualquer tempo, com o apoio de terceiros”, escreveu o delegado Rodrigo
Morais.
Fonte: Veja - Publicado por: Anderson Costa
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