domingo, 23 de fevereiro de 2020

Três mil camelos fogem da guerra na Líbia

Cerca de 3.000 camelos desfilam pelas ruas e surpreendem população na capital da Líbia

Cena inusitada em Trípoli é reflexo da tensão causada pelo conflito governo e tropas rebeldes no país


Um rebanho de camelos é conduzido pelas ruas da cidade de Trípoli, capital da Líbia, após dono desistir de esperar por caminhões para fazer o transporte em meio a fogo de artilharia - 19/02/2020 Ahmed Elumami/Reuters
Um rebanho de cerca de 3.000 camelos importados da Austrália atravessou as ruas da cidade de Trípoli, capital da Líbia, na noite de quarta-feira, 20. A cena inusitada foi causada pelo dono dos animais, que temia vê-los no fogo cruzado entre as forças leais ao governo e as tropas rebeldes do general Khalifa Haftar no porto líbio.
Na quarta-feira, o porto de Trípoli, próximo ao centro da cidade, foi atacado com fogo de artilharia pelo Exército de Haftar. O dono do rebanho decidiu não esperar pelos caminhões para fazer o transporte dos camelos e os conduziu  pela cidade. Mesmo com a operação, um grupo armado chegou a roubar 125 animais do rebanho do comerciante.
Os animais foram conduzidos por mais de 40 quilômetros até a cidade de Zawiya, oeste do país.
Na Líbia, uma guerra civil se desenrola desde que Muamar Kadafi foi deposto em 2011 em um levante popular que contou com a ajuda aérea da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O conflito causou o colapso na economia do país, que tem no petróleo sua principal fonte de renda.
Por não possuir uma agricultura modernizada, a Líbia depende da importação de alimentos e produtos de primeira necessidade. A carne de camelo está no cardápio dos líbios.
Recentemente, a Turquia resolveu intervir no conflito e enviar mercenários sírios ao país para fortalecer o governo em Trípoli, reconhecido internacionalmente.
Devido à extrema seca e calor, o governo australiano decidira executar milhares de camelos, que não são uma espécie nativa do país. Ao procurarem água, os animais destruíam as plantações e colocavam em risco a segurança de comunidades aborígenes.
Segundo a agência Reuters, o comerciante comprou os animais por um valor muito baixo para levá-los à Líbia. Pelas ruas da capital, no entanto, a população brincava que, com a escassez de combustível, o governo tinha decidido que os animais voltariam a ser o principal meio de transporte.
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