As
margens do rio Gravatá, especialmente em seu curso pelos municípios de
Pedra Branca e Santana dos Garrotes, já foram o lugar no estado de maior
cultivo e colheita de arroz vermelho, mas, nos últimos anos, a produção
caiu drasticamente. “Caiu muito, o povo não está plantando como antes”,
comentou o agricultor José André Neto, morador do povoado de Serra
Branca, município santanense.
Aos
69 anos, o trabalhador rural aposentado, que já foi um dos maiores
produtores familiares de arroz vermelho no município, há dois invernos
não planta: “não plantei o ano passado nem plantei este ano e nunca mais
vou plantar, porque não compensa”.
José
André diz que um dos fatores que mais tem desestimulado o plantio de
arroz vermelho é o alto custo da produção e o baixo preço do produto no
mercado. “Hoje com uma diária por 50 reais e despesa do corte da terra,
limpa e colheita, é tanto custo para, depois, você vender uma quarta de
arroz por apenas 70 reais, não compensa”, lamentou ele.
O
agricultor também apontou uma outra causa para a redução da área
plantada, que foi, segundo André, o longo período de estiagem que viveu a
região entre 2011 e 2017. “A seca também fez muita gente deixar a
agricultura, porque ninguém tem condições de botar um motor para irrigar
por causa do custo da energia”, comentou, ao lamentar também o que
considera má gestão da AESA, que é o órgão estadual responsável pela questão
hídrica, em relação às águas do açude de Nova Olinda, que alimenta o rio
Gravatá: “primeiro, secaram o açude todinho, dizendo que era para fazer
um serviço e, de lá para cá, nunca mais houve liberação de água para o
rio nem se pode mais fazer barramento para o plantio do arroz, porque
muita gente foi multada por isso, mas deveriam impedir o barramento para
plantar capim e não para o plantio de arroz”, lamentou.
Fonte: Folha do Vale
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