QUEIMA DE ARQUIVO? Suspeito de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco é morto pela polícia
Um
ex-policial militar, suspeito de ter envolvimento na morte da vereadora
carioca Marielle Franco, foi morto durante uma ação da polícia na
cidade de Esplanada, no interior da Bahia. Adriano Magalhães da Nóbrega,
conhecido como capitão Adriano, foi morto na manhã deste domingo (9).
Ele é acusado de liderar uma das maiores milícias do Rio de Janeiro, o
Escritório do Crime, e estava foragido desde janeiro de 2019.
De
acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP),
Adriano começou a ser monitorado por equipes de inteligência da SSP após
a informação de que ele teria buscado esconderijo na Bahia. Ele foi
encontrado em um imóvel na zona rural de Esplanada.
Ainda
segundo a SSP, Adriano resistiu à abordagem e disparou contra os
policiais. Houve troca de tiros e ele acabou sendo ferido. Ele teria
sido levado para um hospital da região, mas não resistiu.
“Procuramos
sempre apoiar as polícias dos outros estados e, desta vez, priorizamos o
caso por ser de relevância nacional. Buscamos efetuar a prisão, mas o
procurado preferiu reagir atirando”, comentou o secretário da Segurança
Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa.
Foram
encontradas com ele uma pistola austríaca calibre 9mm e outras três
armas. Participaram da operação equipes do Batalhão de Operações
Policiais Especiais (Bope), da Companhia Independente de Policiamento
Especializado (Cipe) Litoral Norte e da Superintendência de Inteligência
(SI) da Secretaria da Segurança Pública.
Quem é Adriano?
Ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio de Janeiro,
Adriano comandava o Escritório do Crime, um grupo de matadores de
aluguel. Segundo informações do Uol, há suspeitas de que membros do
Escritório tenham participação na morte de Marielle.
Ainda
segundo reportagem do Uol, Adriano entrou no Bope em 1996, e fez o
curso de operações especiais do Bope, onde conheceu Fabrício de Queiroz,
que trabalhou como assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ),
quando este foi deputado estadual. Anos depois, Queiroz indicou a mãe e a
mulher de Capitão Adriano para trabalhar no gabinete do filho mais
velho do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Adriano
foi um dos homenageados por Flávio Bolsonaro com a Medalha Tiradentes, a
mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio, em 2005, enquanto
estava preso sob acusação de homicídio.
Comunidade controlada
O Escritório do Crime controlava a área da Muzema, onde dois prédios
desabaram no ano passado. De acordo como Ministério Público, capitão
Adriano dirigia o esquema de construção civil ilegal
nessas comunidades. O major da Polícia Militar Ronald Alves Pereira por
sua vez, foi denunciado por comandar negócios ilegais da milícia, entre
eles, grilagem de terra e agiotagem.
O
desabamento nesta sexta deixou ao menos três mortes e dez feridos.
Segundo a prefeitura do Rio, as construções eram irregulares e tiveram
as obras interditadas em novembro de 2018.
Rachadinha de Flávio
Em dezembro do ano passado, o Ministério Público do Rio concluiu que o
Capitão Adriano, era beneficiado pelo dinheiro do suposto esquema de
“rachadinha” que existia no gabinete do senador Flávio Bolsonaro quando
ele era deputado estadual no Rio.
Os promotores
chegaram a essa conclusão depois de analisar conversas via WhatsApp e
dados de transações financeiras do ex-PM, segundo pedido do MP do Rio à
Justiça para embasar mandados de busca e apreensão cumpridos na quarta,
18. Adriano é apontado por outro grupo do MP como chefe do Escritório do
Crime, milícia que atua na zona oeste da cidade.
A
mãe e a ex-mulher dele, Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da
Costa Nóbrega, respectivamente, foram nomeadas assessoras no gabinete
de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, (Alerj), durante o período
investigado. A investigação mostrou que elas transferiram para Fabrício
Queiroz, então assessor parlamentar e considerado o operador do esquema,
parte de seus salários, além de terem feito saques que poderiam indicar
repasses em espécie para a “organização criminosa”. O dinheiro ‘vivo’
seria uma forma de não deixar rastros no sistema financeiro.
Adriano
“também era beneficiado por parte dos recursos desviados por seus
parentes na Alerj”, afirmam os promotores do Grupo de Atuação
Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) no documento. Em um trecho
da conversa dele com Danielle, o ex-capitão do Bope diz que “contava com
o que vinha do seu também”, referindo-se ao salário dela que era
repassado.
Em outro ponto da conversa, depois de
ser exonerada do gabinete, no dia 6 de dezembro do ano passado, Danielle
procurou o ex-marido para cobrar explicações e pedir que ele
intercedesse para evitar sua demissão. O dia foi o mesmo em que o Estado
revelou com exclusividade a investigação em curso no MP. “As coisas
mudam”, disse Adriano à ex-mulher, que cobrara dele uma explicação.
Um
mês depois, no dia 6 de janeiro, ele admitiu que também contava com o
dinheiro dela. Adriano também indica sabia correr risco de ser preso por
integrar o Escritório do Crime e passava a maior parte do tempo fora do
Rio.
“As coisas não estão fáceis para mim. Só
vim no Rio pra passar o fim de ano com minha mãe e ajeitar umas coisas.
Amanhã já tô indo de novo”, disse, via WhatsApp.
Os
dois voltaram a se falar no dia 15 do mesmo mês, quando Adriano
informou que havia conversado com o “amigo” (Queiroz, segundo o MP). O
ex-assessor de Flávio na Alerj teria recomendado a Danielle que não
comparecesse ao depoimento para o qual havia sido convocada.
Uma
tabela inserida no documento do MP, assinado no dia 5 deste mês pelo
Gaecc, detalha os repasses e os saques feitos por Danielle e Raimunda.
Enquanto foram lotadas no gabinete de Flávio, elas receberam cerca de R$
1 milhão. Desse montante, 40% foram transferidos para Queiroz ou
sacados em espécie, segundo a investigação.
Entre
os repasses de Danielle, os promotores observaram que parte deles foi
feita por meio de empresas controladas por Adriano: o Restaurante e
Pizzaria Tatyara (R$ 45,3 mil) e o Restaurante e Pizzaria Rio Cap (R$
26,9 mil).
Armas foram encontradas em imóvel onde estava o ex policial militar Adriano Magalhães da nóbrega - (Foto: Divulgação/SSP) |
Fonte: Correio - Publicado por: Amara Alcântara
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