Onyx Lorenzoni diz que Bolsonaro ainda avalia forma de envio da reforma administrativa ao Congresso
Ministro-chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni |
BRASÍLIA
- O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou nesta
quarta-feira que o presidente Jair Bolsonaro e o governo ainda avaliam a
forma de envio da reforma administrativa ao Congresso, e pediu tempo
para amadurecer a decisão. Ele se negou a estimar um prazo para que isso
aconteça e disse que Bolsonaro tem o direito de refletir por "um mês,
dois, três ou quatro".
Na
terça, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE),
admitiu que houve conversas sobre como agilizar a tramitação e, por
isso, cogitou-se adotar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) já
em tramitação no Legislativo. Segundo ele, porém, o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se posicionou contra a ideia de o governo
não mandar sua própria proposta.
Em
entrevista coletiva no início desta tarde, na saída de um seminário
sobre as perspectivas sobre a agenda do Congresso e do governo em 2020,
Onyx afirmou que a proposta da reforma administrativa está sendo
avaliada e que há "muitos fatores para levar em consideração".
-
Já há dentro do governo um consenso de que devemos fazer ela
consensual, voltada para as novas contratações, não se mexer na situação
dos que estão hoje. Isso é um trabalho de longo prazo, a gente tem que
buscar construir algo parecido com o que é o serviço público inglês, que
é completamente apartidário, desaparelhado - comentou o ministro.
Segundo
Onyx, é preciso que a reforma "na concepção" de Bolsonaro continue em
processo de avaliação e seja "uma coisa amadurecida, para que quando
venha, ela venha solidamente ajustada internamente e com as principais
lideranças do Congresso".
A
avaliação de parlamentares é que a proposta precisa ter a “digital” do
governo, para que os parlamentares não arquem com o ônus político da
reforma. Isso adiou, mais uma vez, o envio formal da proposta, que já
está praticamente pronta dentro do Ministério da Economia.
Questionado se o texto poderia ser apresentado nesta semana, o chefe da Casa Civil negou e depois disse não saber quando.
-
O presidente está refletindo. Nós temos que respeitar o tempo do
presidente, pô. Se vai levar um mês, dois, três ou quatro, o presidente
tem direito de tomar a decisão que quiser. E eu já disse várias vezes e
repito: o presidente, os ministros, eu disse naquela fala lá na grade do
Palácio do Alvorada, ninguém tem fome de poder, nós temos fome de
servir o Brasil. E o presidente está avaliando para ver como é que uma
eventual reforma administrativa sirva ao Brasil. Então ele vai ter todo o
tempo do mundo. E, por fim, o presidente Bolsonaro é meu líder. O que
ele decidir, eu cumpro - declarou.
Ainda
de acordo com Onyx, a frase do ministro da Economia, Paulo Guedes, que
comparou servidores públicos a parasitas, é um "caso encerrado", graças
ao pedido de desculpas apresentado por ele.
-
O ministro Paulo Guedes, que é um brasileiro apaixonado pelo Brasil e
tem feito um trabalho extraordinário, falou isso num contexto. Foi
retirado do contexto e ele - e só as pessoas que têm grandeza fazem isso
- veio a público pedir desculpas. Eu acho que isso é caso encerrado -
comentou.
O
chefe da Casa Civil destacou que, assim como os servidores públicos da
Inglaterra, os alemães têm "altos índices de reconhecimento público",
com níveis de 90%, 95% de excelência.
- No Brasil, se a gente for
fazer essa medição, lamentavelmente é uma tristeza. Nós estamos muito
longe ainda de ter qualidade nisso... Nós temos pessoas de
extraordinária qualidade, agora o sistema de prestação de serviço ainda é
muito complicado no Brasil - disse Onyx, que lembrou ser filho de um
servidor público.
Recorrendo ao exemplo do pai, que foi professor
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ele disse ter
sido criado dentro da casa de um servidor público e que, por isso, sabe o
quanto eles se dedicam e trabalham.
-
Exceções a gente tem em todo mundo, tem no jornalismo, tem na
veterinária, tem na política, tem em tudo. Então a gente não pode
trabalhar pela exceção, tem que trabalhar pela regra.
Gustavo Maia - Extra
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