O ser humano, ao longo da sua trajetória, expressou e registrou seu dia a dia. Felicidades, amarguras, tensões, amores, traições, fidelidade, pensamentos suicida e outras tantas formas encontradas na Phýsis. Naquilo que pode ser chamada de “gênesis humana”. Algo que está em sua “origem”, condicionando-o a uma dualidade certa: ninguém é totalmente mau ou bom.
Nós somos seres complexos, e isso não há dúvida. Estudos revelam que dentro de nós há uma constante luta entre o “bem” e o “mal”. Essa luta é tão antiga quanto à própria humanidade. E esse embate vem sendo registrado às gerações subsequentes, ao longo de milênios, de forma oral ou escrita.
E aqui chego ao ponto nevrálgico da coluna de hoje. A carta da ex-secretária de Administração da Paraíba, Livânia Farias, expondo suas dores morais e o relato sobre a “angústia após se tornar alvo do Ministério Público”.
Todo o seu lamento foi endereçado a familiares e amigos da ex-secretária, e não se sabe como, “interceptado” pela jornalista Mariana Carneiro, e publicado na coluna “Painel” deste domingo (12), na Folha de São Paulo.
A ex-secretária surge, a julgar pelo que foi narrado pela colunista da Folha, como vítima. Alguém injustiçado; estando sendo queimado pelo fogo de uma Santa Inquisição falsa e julgamento prévio e sem direito ao contraditório.
Diz supostamente a secretária, em um dos trechos relatados na coluna “Painel”, e “codificada” por Mariana Carneiro. “Nas cartas, ela reclama do que considerou ser perseguição e espetacularização do caso pelos procuradores do estado”.
E em gesto de desespero, “faz planos para o próprio funeral. Farias diz que a pressão sobre a família é tanta que os filhos não podem sair de casa”. Mais à frente, relata a colunista que a ex-gestora enviou carta ao ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), também implicado na Operação Calvário.
“Uma das missivas foi para Ricardo Coutinho. Ela agradece ao ex-governador pela confiança e diz que o tinha como espelho no trabalho no governo. Mas alega que o fardo da ofensiva do Ministério Público é pesado. Meses depois, a ex-secretária delatou o antigo chefe. Farias revelou suposto pagamento de R$ 4 milhões em propina ao político”.
E nesse folhetim envolvendo delações, áudios gravados, escutas telefônicas, vazamento de informações para a imprensa e outras “alegorias” fica a constatação: Livânia Farias, passado o choque da prisão, preferiu a delação a seu próprio funeral.
Certamente conversou com amigos, familiares e, principalmente, com seus advogados, seguindo a certeza que “ninguém é totalmente mau ou bom”.
E se realmente o pensamento suicida ocorreu, a ex-gestora agiu da melhor forma, afinal, levar a culpa para a sepultura, deixando muitos supostos envolvidos com o “esquema” soltos e com vida, seria algo para um “mártir” às avessas. E isso é ilógico!
Eliabe Castor
PB Agora