EROTISMO PEDAGÓGICO: a vida homossexual dos gregos antigos – Por Joseane Pereira
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| Na imagem acima, a obra The fall of the titans (“A Queda dos Titãs”) – Wikimedia Commons / Cornelis Van Haarlem |
Corpos atléticos com rosto sereno, frequentemente nus ou vestindo roupas curtas. Ao contemplar uma estátua grega,
somos facilmente remetidos a pensamentos sobre a vida amorosa desses
povos, que foi longamente retratada na arte, filosofia e literatura.
Algo
intrigante que essas fontes revelam sobre suas práticas sexuais é o
fato de que a pederastia (relacionamento entre homens mais velhos e
jovens) tinha papel central na sociabilidade grega, mostrando as enormes
diferenças entre os valores gregos e os de nossa sociedade moderna.
Erotismo pedagógico
Segundo
o professor Thiago Andrade, da Faculdade de Presidente Prudente, “Para a
educação dos jovens atenienses, esperava-se que os adolescentes
aceitassem a amizade e os laços de amor com homens mais velhos, para
absorver suas virtudes e seus conhecimentos de filosofia”.
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| Representação de cortejo. Taça de figuras vermelhas encontrada em Vulci / Créditos: Reprodução |
O
relacionamento homoerótico tinha a finalidade de fazer o jovem atingir a
vida adulta de maneira íntegra. Já com 12 anos de idade, o adolescente
tinha a opção de se transformar em parceiro passivo de um homem acima de
25 anos.
Caso a família concordasse, o garoto assumia esse papel
até os 18 anos e, quando completasse 25, se esperava que ele assumisse o
papel ativo. Segundo registros antigos referentes a Atenas, cidade mais
bem documentada da Grécia Clássica, o
indivíduo mais velho (denominado “erastes”) tinha função de proteger,
amar e agir como um exemplo para seu amado (chamado de “eromenos”), cuja
recompensa estaria em sua juventude, beleza e potencial.
Homossexualidade aceita?
Como
a beleza estava intimamente relacionada à juventude e a corpos sem
barbas ou cabelos grandes, somente a junção entre um jovem, que teria
sua beleza a oferecer, e alguém mais velho, que tem sua sabedoria a
oferecer, era vista como uma relação homoafetiva saudável.
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| Cena de um banquete. Vidro ático com figuras vermelhas / Créditos: Reprodução |
Ainda que as relações eróticas entre
homens sejam fartamente representadas na arte grega, não se conhecem
muitos registros de homoafetividade feminina. A causa seria que
provavelmente o papel representado por estas na vida social era menor.
As
mulheres, que tinham casamentos arranjados com homens mais velhos por
volta dos 16 anos, não eram consideradas cidadãs e, portanto, não
precisavam passar pelos aprendizados sobre arte e filosofia que
fundamentavam a prática da pederastia.
Fonte: Aventuras na História - Créditos: Joseane Pereira - Publicado por: Ivyna Souto



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