Amazônia perde 9.700 quilômetros quadrados em um ano, maior desmatamento da década


As
derrubadas na Amazônia brasileira crescem desde 2012, embora a um ritmo
menor. A superfície destruída agora equivale a 1,3 milhão de campos de
futebol e aumentará ainda mais a pressão sobre Bolsonaro e seu Gabinete,
pois tanto seu discurso como sua política ambiental assustam não só os
indígenas, as ONGs e os cientistas, mas também muitos Governos
estrangeiros, a começar pelos europeus. Meses atrás, o presidente
criticou duramente o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),
questionou suas medições e destituiu seu diretor. Apesar disso, seus
ministros do Meio Ambiente e de Ciência compareceram à apresentação dos
números do desmatamento medidos a cada 12 meses.
As cifras difundidas nesta segunda-feira apontam a quantidade de floresta destruída entre agosto de 2018 e julho passado. Ou seja, incluem sete meses do mandato de Bolsonaro. Era grande a expectativa pela apresentação na sede do INPE em São José dos Campos, já que a polêmica mundial por causa dos ferozes incêndios na Amazônia continua fresca e porque os sistemas de alerta em tempo real — usados para mobilizar inspetores, bombeiros e outros profissionais — indicavam que a destruição da floresta havia disparado.
As cifras difundidas nesta segunda-feira apontam a quantidade de floresta destruída entre agosto de 2018 e julho passado. Ou seja, incluem sete meses do mandato de Bolsonaro. Era grande a expectativa pela apresentação na sede do INPE em São José dos Campos, já que a polêmica mundial por causa dos ferozes incêndios na Amazônia continua fresca e porque os sistemas de alerta em tempo real — usados para mobilizar inspetores, bombeiros e outros profissionais — indicavam que a destruição da floresta havia disparado.
O ministro
do Meio Ambiente, Ricardo Salles, atribuiu o enorme aumento à “economia
ilegal”, em referência às atividades ilícitas de mineradoras,
madeireiras e invasores, que se apropriam das terras. Salles disse que é
necessário criar oportunidades econômicas sustentáveis na região. Os
ecologistas e uma parte dos empresários do setor agropecuário afirmam
que o desenvolvimento econômico da Amazônia não é incompatível com a
preservação ambiental.
Os prazos esboçados até agora por
Bolsonaro com essa finalidade incluem o início da exploração comercial
de terras indígenas, que neste momento contam com uma forte proteção
legal que só permite que sejam destinadas ao uso sustentável dos
indígenas que as habitam há milênios. Entre as medidas anunciadas pelos
ministros para combater o desmatamento, incluem-se o reforço da
fiscalização na Amazônia e a visita de alguns científicos, além da
transferência para lá de algum organismo de pesquisa.
Para
as ONGs, o principal culpado pelo enorme aumento é o presidente. “O
projeto antiambiental de Bolsonaro eliminou a capacidade de combater o
desmatamento, favorece os que cometem crimes ambientais e estimula a
violência contra os povos (nativos) da floresta”, declarou Cristiane
Mazzetti, da campanha Amazônia do Greenpeace. O World Wild Fund (WWF)
ressaltou que nunca foram aplicadas tão poucas multas ambientais como
nos últimos meses.
Os efeitos cada vez mais visíveis
da mudança climática colocaram a questão ambiental no centro do debate
político da Europa e de boa parte do mundo. Isso gerou uma intensa
pressão, com a qual Bolsonaro não contava e que o transformou no vilão
ambiental do planeta. Durante a campanha, o capitão reformado proclamou
seu desdém pela preservação ambiental. “Se eu chegar lá, não vai ter
dinheiro para ONG. Esses inúteis vão ter que trabalhar… E não vou
demarcar terra indígena enquanto for presidente”, prometeu. Dito e
feito. Bolsonaro não ampliou a proteção legal a outros territórios desde
que assumiu o mandato, em janeiro. Mas precisou esquecer sua promessa
de seguir os passos dos Estados Unidos do presidente Donald Trump,
que abandonaram o Acordo de Paris. O enorme peso das exportações à União
Europeia (UE) e a pressão política internacional o obrigaram a anunciar
que manteria os compromissos assumidos.
Para
a Europa, a questão climática é também essencial no processo de
ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a UE, assinado meses
atrás após árduas negociações e que todos os países de ambos os blocos
devem chancelar para que entre em vigor. A França lidera os países que
exigem que Brasil respeite o acordo mundial contra a mudança climática
como condição para o apoio ao tratado.
Os primeiros a
soar o alarme ante a política ambiental deste Governo foram
os ex-ministros do Meio Ambiente. Em maio, eles o acusaram de
desmantelar todos os avanços feitos desde que a pressão internacional
contra a destruição da floresta fizeram com que o Brasil implementasse
políticas para preservá-la.
O desmatamento atingiu seu
máximo histórico em 1995, com a destruição de 29.000 quilômetros
quadrados da Amazônia (três vezes a cifra atual) e seu mínimo em 2012,
com 4.500 quilômetros quadrados. Essa evolução positiva foi fruto de uma
política continuada que protegeu por lei dezenas de reservas indígenas,
decretou que na Amazônia só se pode cultivar 20% de cada terra e
reforçou os sistemas de inspeção e punição aos que cometem crimes
ambientais.
Fonte: El País - Créditos: NAIARA GALARRAGA GORTÁZAR - Publicado por: Ivyna Souto
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