Juíza diz que Lula deve ir para o semiaberto, mas deixa decisão para Supremo Tribunal Federal
A
juíza federal Carolina Lebbos, que administra o cumprimento da pena do
ex-presidente Lula, escreveu nesta quarta-feira (30) que o petista
cumpre os requisitos para progredir para o regime semiaberto, mas deixou
a decisão sobre o assunto com o STF (Supremo Tribunal Federal).
Lula
atingiu há um mês a marca de um sexto da pena cumprida no caso do
tríplex de Guarujá (SP), o que permite a saída do regime fechado, mas
resiste em deixar a cadeia por entender que seria uma barganha por sua
liberdade. Ele pleiteia a anulação do processo ou a absolvição.
No
documento desta quarta, Lebbos afirmou que “a progressão de regime não é
uma faculdade do condenado, mas uma imposição legal, própria do sistema
progressivo de penas adotado na legislação nacional”.
“Não há previsão legal de rejeição da progressão ao regime prisional semiaberto”, disse ela.
No
despacho, ela afirma que, com o bloqueio de bens determinado pela
Justiça, está cumprida também a condicionante que impõe a reparação de
danos ao erário em casos de crimes contra a administração pública.
Ela
também criticou o posicionamento da defesa e afirmou que, ao negar o
benefício, o condenado vai contra ao próprio sistema de Justiça.
“Admitir
sua inobservância, quando preenchidos os requisitos legais, com base em
mero elemento volitivo, despido de razões fáticas ou juridicamente
lógicas e razoáveis, implicaria negar o próprio regime legal, em afronta
ao Estado de Direito.”
Sobre
a posição da defesa de não exercer um direito relacionado a um
“processo ilegítimo”, a juíza disse que não discutiria a questão de
“‘transigir’ ou de ‘barganhar’ com o Estado”. “Os motivos invocados
constituem, no estágio atual da ação penal que ensejou a execução penal,
mero inconformismo com o reconhecimento da prática do ato ilícito penal
e com a pena aplicada.”
Também escreveu que não cabe a ela
tratar dos argumentos sobre a imparcialidade do juiz responsável pela
sentença, Sergio Moro, ou da competência da Vara Federal para julgar o
ex-presidente. Lebbos, porém, afirmou que a sentença de Lula já foi
confirmada em duas instâncias —o Tribunal Regional Federal da 4ª
Região e o Superior Tribunal de Justiça.
Mais
adiante, ela determinou a expedição de um ofício ao ministro do Supremo
Edson Fachin sobre o assunto para informar que o petista preenche os
requisitos para a progressão do regime.
O caso está no STF porque a
defesa de Lula, comandada pelo advogado Cristiano Zanin Martins,
recorreu à corte em agosto contra a possibilidade de o ex-presidente ser
transferido do Paraná para o estado de São Paulo.
Na ocasião, o
plenário do Supremo garantiu a Lula o direito de permanecer preso na
sala adaptada em Curitiba na qual está desde que foi preso, em abril de
2018.
Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato foram os
primeiros a defender a progressão de regime para Lula, em setembro, o
que foi entendido pela defesa como uma forma de esvaziar decisões
importantes do Supremo que podem afetar a operação, como o julgamento
sobre a prisão de condenados em segunda instância.
No caso de
Lula, o Ministério Público Federal mudou seu comportamento habitual em
relação à progressão de regime de condenados da operação. Entendeu, por
exemplo, que o bloqueio de bens é suficiente para garantir a reparação
de danos aos cofres públicos, tese que não foi adotada com outros
presos.
Um dos pontos cruciais para Lula e a defesa é o eventual
uso de tornozeleira eletrônica, hipótese que ele rejeita completamente. A
Justiça Federal poderia determinar o uso do aparelho no novo regime.
Na
próxima semana, deve haver outra decisão do Supremo que pode tirar Lula
da cadeia. A corte vai retomar, a partir do dia 7, o julgamento sobre a
prisão de condenados em segunda instância. Caso o tribunal proíba
totalmente esse tipo de prisão antecipada, Lula poderia aguardar em
liberdade o trâmite o fim da análise de seus recursos nas instâncias
superiores.
Fonte: UOL - Publicado por: Larissa Freitas
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