segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Estratégia desastrosa

ANÁLISE: Reeleição de Gleisi Hoffmann no PT é presente de Natal a Bolsonaro - Por Robson Bonin

PT volta a sonhar com a saída fácil: fingir que a roubalheira e os crimes do passado não existiram e apostar na magia de Lula para voltar ao poder

O PT de Lula chegou ao auge do seu projeto de poder em 2010, com a eleição de Dilma Rousseff e a despedida do seu líder maior do Planalto com 87% de popularidade.
Valendo-se do aparente domínio da “rua”, essa figura sem cara que sempre meteu medo nos partidos do Congresso, o petismo nas mãos de Dilma sentiu-se livre para avançar sem tomar conhecimento dos adversários. Dilma acabou com o trânsito livre dos líderes partidários no Planalto, deixou de atender pedidos de bancada que garantiam fidelidade nas votações e passou a usar a popularidade para esmagar desafetos no Congresso.
A aliança do antigo PMDB – Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Michel Temer à frente – que levaria Dilma ao cadafalso começou a se formar nesse período. Uma capa de VEJA mostrou como o hegemonismo do PT enfraquecia as lideranças de outros partidos no Parlamento e começava a criar o monstro que lhe derrubaria do poder.
No comando dessa estratégia desastrosa — ao lado da “presidenta” — estava Gleisi Hoffmann, levada para a Casa Civil do Planalto após a queda de Antonio Palocci. Na bolha palaciana, Dilma e seu time produziriam o desastre econômico do país que incendiou as ruas em 2013 e selou o destino da aliança fisiológica com os grandes partidos que sustentou o sucesso lulista.
Dilma venceria as eleições de 2014 com esses mesmo partidos, é verdade, só que comprados por uma fortuna jamais vista em eleições, fruto dos bilhões roubados da Petrobras e de outras centenas de milhões de reais de Joesley Batista.
O PT deixou o poder pelas vias do impeachment, depois de acabar com as finanças do país e devolver milhões à pobreza. No partido, uma ala menos fanática pelo lulismo começou a ensaiar o discurso de retomada do diálogo com setores que se afastaram da sigla em meio aos escândalos revelados pela Lava-Jato. Além de reconhecer erros, essa ala defendia a composição com outros líderes de centro-esquerda numa espécie de pós-Lula.
O líder maior do petismo, no entanto, prevaleceu mesmo após ser preso por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele transformou o partido na sigla do Lula Livre. Nenhuma proposta de país, apenas Lula Livre. A narrativa de perseguição do Estado contra a “alma mais honesta do país”, como Lula se proclamava, menosprezou a inteligência de milhões de brasileiros. Resultado? O sentimento antipetista criado a partir disso se revelaria o principal motor da vitória de Jair Bolsonaro em 2018.
Depois de tudo, há algumas semanas, Lula foi solto na esteira de um acordão que acabou com a prisão em segunda instância e abriu caminhos para a invalidação de condenações da Lava-Jato. A ala moderada do petismo perdeu-se em algum buraco e o PT voltou a sonhar com a saída fácil. Fingir que a roubalheira e os crimes do passado não existiram e apostar nas mágicas de Lula para retomar o poder.
Não poderia haver presente melhor de Natal para Bolsonaro.
VEJA - Por Robson Bonin

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