Ex-presidente Fernando Collor diz que Bolsonaro repete seus erros e antevê risco de um impeachment
Fernando
 Collor de Mello comparou Jair Bolsonaro a si mesmo. Declarou que o 
capitão repete erros que levaram à sua deposição. “Continuando do jeito 
que está, não vejo como este governo possa dar certo”, disse. “São erros
 primários.” Perguntou-se a Collor se antevê o risco de um novo 
impeachment. E ele: “É uma das possibilidades”.
Em entrevista ao repórter Bernardo Mello Franco, veiculada na edição deste domingo de O Globo,
 Collor soou como se enxergasse um enorme passado pela frente de 
Bolsonaro: “É preciso que alguém acorde neste governo e diga: ‘O rei 
está nu’.”
Entre os erros que Collor atribui ao presidente está o 
de desprezar o PSL do mesmo modo que ele negligenciou o antigo PRN. “Em 
outubro de 1990, nós elegemos 41 deputados. O pessoal queria espaço no 
governo, o que é natural. Num almoço com o bancada, eu disse: ‘vocês não
 precisam de ministério nenhum. Já têm o presidente da República”.
“O
 que está acontecendo com o Bolsonaro é a mesma coisa”, prosseguiu 
Collor. “[…] Logo no início, ele tinha que ter dado prioridade aos 53 
deputados do PSL . E, a partir desse núcleo, construído a maioria para 
governar. Ele perdeu esse momento. Agora, reúne a bancada para dizer que
 vai sair do partido? Erro crasso. Estou dizendo porque eu já passei por
 isso. Estou revendo um filme que a gente já viu.”
Collor recordou
 que “Bolsonaro esteve na Câmara por 28 anos”. Nesse período, “viu como 
se forma um movimento numa casa em que o chefe do Executivo não dispõe 
de maioria.” Acha que o capitão “tem que entender que algo fundamental: o
 presidente da República é o líder político da nação. Como líder, ele 
tem que fazer política. E política se faz por intermédio dos políticos e
 dos partidos.”
Para Collor, a carta do impeachment não pode ser 
excluída do baralho porque “Bolsonaro não vem se preocupando com a 
divisão da sociedade brasileira, que se aprofunda. O discurso dele 
acentua a divisão.” Acha que o ‘efeito Lula’ é um complicador: “Com a 
soltura do Lula, a tendência é que essa divisão se abra ainda mais”.
“O
 governo tem que ser bombeiro”, declarou Collor. Para ele, Bolsonaro 
“tem que entender que não está mais em campanha. Hoje, uma boa parcela 
dos eleitores que não queria o PT está desiludida”.
Não se deve 
desprezar as opiniões de Collor, um ex-presidente que fez o pior no 
Planalto o melhor que pôde. Mas convém realçar algumas diferenças entre a
 gestão collorida e a administração bolsonarista. Paulo Guedes não é 
Zélia Cardoso de Mello. E ainda não há sinais de que o capitão esteja 
subtraindo a prataria dos palácios.
Fonte: Uol - Publicado por: Gerlane Neto
 

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