ROTA DA CANA: Cachaça Ipueira e o processo de produção artesanal que é uma verdadeira obra de arte
“Segundo
dados do Censo Agropecuário, divulgados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), de acordo com artigo publicado no site
Devotos da Cachaça – o Brasil tem 11 mil locais de produção de cachaça e
aguardente – a maioria, ilegal! Esses dados acabam nos dando um
vislumbre do real tamanho da produção de cachaça e aguardente do país.
Os pesquisadores que foram a campo no ano de 2017 encontraram 11.028
estabelecimentos rurais produzindo cachaça no país. Isso significa um
número estável em relação aos 11.124 encontrados no levantamento
anterior, realizado em 2006. No entanto, o número contrasta com os dados
do Ministério da Agricultura, divulgados em maio, que indicam a
existência de 1.497 produtores formais de cachaça no país”.
Segundo
o diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos
Lima, “A cadeia produtiva da cachaça é hoje responsável por empregar
mais de 600 mil brasileiros”. Ele acrescenta, ainda, que “É sabido que a
cachaça tem valor agregado já no engenho, uma vez que já está pronta
para o consumo, podendo ainda ir direto do fabricante para o mercado
varejista, eliminando, portanto, serviços intermediários de
comercialização, com consequente melhor remuneração para o fabricante.
Alguns alambique fazem a venda direta ao consumidor, através de lojas
instaladas dentro das propriedades dos engenhos ou em ambientes online, o
que aumenta ainda mais a lucratividade do negócio”.
A arte de fazer uma cachaça artesanal!
“Por trás de um trabalho bem feito, sempre existe uma equipe bem
entrosada e empenhada”. O slogan que está lá no Instagram da cachaça
Ipueiras soa bem forte e confirma sua apresentação na elegância da
própria garrafa! É também do instagram da Ipueira que destacamos uma
frase que fala do esmero e da preocupação que o bom fabricante tem de
ter ao se debruçar sobre a “arte do fazer” de uma cachaça artesanal! A
frase reza que, “Fazer cachaça é, ao mesmo tempo, ciência, arte, paixão e
sabedoria. Tudo feito com muita calma, cuidado e esmero. Por isto,
“artesanal”.
Atraído
pelo conjunto da obra, rumei até a cidade de Areia, onde é fabricada a
cachaça escolhida dessa semana, aqui para o site Polêmica Paraíba, para falar
de um bom produto! Você vem comigo? Estamos embarcando em nosso próprio
“carro de boi”, para apreciar as belezas que encontramos pelo caminho,
rumo ao Engenho responsável pela fabricação da cachaça Ipueira. De
longe, o aroma já me parece muito bom! Estamos de volta a Rota da Cana!
“O
Engenho Ipueira, de propriedade de Ricardo Araújo Feitosa, está
localizado região do Brejo paraibano, famoso pela tradição cultural, com
monumentos históricos aliados a belas paisagens. Ipueiras, muito antes,
foi um tradicional produtor de rapadura de alta qualidade, desde os
anos de 1936 até 2007. Foi partir daí que ingressou na produção da
cachaça. A produção do engenho segue o modelo tradicional. Segundo
Donato, essa é uma história que ultrapassa os cem anos – dos quais, 16
só na fabricação de cachaça. Em linguagem indígena, a palavra Ipueira,
significa ‘terra alagada’, em alusão aos solos férteis e úmidos”. Seu
produtor Donato Feitosa, filho de Ricardo Araújo Feitosa, faz questão de
ter uma produção limitada, mas com alta qualidade.
Entre as três melhores cachaças da Paraíba
Quando conversamos com qualquer um dos envolvidos direta ou
indiretamente no processo de fabricação da Ipueira, a resposta soa como
um mantra: “O processo de produção da cachaça artesanal é custoso e
cheio de detalhes – uma verdadeira obra de arte”. Em 2013 a Cachaça
Ipueira ganhou o prêmio da associação dos Químicos da Paraíba em
parceria com o Sebrae, ficando entre as três melhores cachaças do
Estado”.
Para
saber mais como se dá todo o processo de fabricação, logo somos
informados que a cachaça Ipueira, em seguida ao processo de coagem, o
caldo fica em decantação por cerca de uma hora e depois é enviado para
fermentação. Importante ressaltar que essa fermentação não passa por
nenhum processo de fogo (por exemplo) sendo, portanto, a única a ter uma
fermentação totalmente natural. É a própria cana-de-açúcar realizando a
sua fermentação!
A levedura é fermentada de forma natural, uma
característica da cachaça Ipueira. Para entender melhor todo o processo
de produção de cachaça artesanal no Engenho Ipueira, a cana-de-açúcar é
colhida no canavial no período imediatamente anterior à floração.
Estima-se que uma tonelada de cana-de-açúcar produz mil litros de caldo.
Colhida a cana, imediatamente é conduzida até o engenho em caminhões,
carros de boi e/ou carroças puxadas por cavalos e/ou burros. Ali a
cana-de-açúcar é lavada e armazenada. Quando se tem a quantidade de
cana-de-açúcar suficiente inicia-se a moagem.
Entendendo melhor o processo
Em um processo que dura entre 24 e 36 horas – a depender da ação da
levedura, da temperatura local, do PH do caldo, entre outros fatores –
todo o caldo que jorra da moenda é armazenado em um tanque que, em
seguida, abastece as dornas (tanques de aço inoxidável de 200 litros).
Nas dornas o caldo, após ser filtrado e decantado, se transforma em
mosto ao entrar em contato com as leveduras que vão transformar todo o
açúcar presente no mosto, em álcool. Quando o mosto atinge o ponto exato
segue para o alambique (de cobre). A temperatura de destilação é de
90ºC. Após ser destilada a bebida passa para um condensador, de onde vai
“pingar” no reservatório para descanso. Estima-se que cada mil litros
de mosto produz cem litros de cachaça. Neste momento é hora de separar a
“cabeça”, o “coração” e a “calda”. De toda a bebida oriunda do
alambique e somente a parte chamada de “coração” é própria ao consumo
humano. Os primeiros e últimos 10% do líquido destilado são impróprios
ao consumo humano dada a presença, em grandes quantidades, de
substâncias nocivas à saúde. Após esse período, a cachaça é padronizada
no teor alcoólico escolhido e engarrafada para distribuição. As cachaças
envelhecidas ficam pelo menos um ano em toneis de madeira antes de
serem engarrafadas.
E
a cada viagem, um novo aprendizado. Seguimos a nossa jornada
descobrindo, em cada ponto, novos aromas, novos sabores, novas boas
histórias. Até a próxima viagem!
Fonte: Polêmica Paraíba - Por Francisco Aírton - Publicado por: Amara Alcântara
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