TOGAS MANCHADAS: A falta de credibilidade do Judiciário – Por Rui Leitão
Um
juiz perde o respeito e a credibilidade quando deixa que a sua toga
seja manchada por comportamentos que não condizem com a prática da
justiça equânime e imparcial. Um magistrado não pode conduzir
julgamentos influenciado por suas preferências políticas ou ideológicas.
Ao escolher o sacerdócio da magistratura ele tem que ser um praticante
da imparcialidade, nunca decidindo no calor das emoções ou para atender
interesses alheios à causa julgada.
O
uso abusivo da autoridade judicante contribui para que se perca o
equilíbrio decisório. A atuação em tempo diferenciado de tramitação de
processos conforme os envolvidos é prática que indica suspeição da
vontade persecutória ou da proteção injustificada. Envolver-se nos
procedimentos investigatórios, orientando ou articulando ações das
partes interessadas, seja na acusação ou na defesa, é inaceitável
formação de conluio. Julgar processos em que estejam participando
parentes ou amigos sem tomar a iniciativa de se considerar impedido é
flagrante demonstração de conduta parcial que macula o julgamento.
A
justiça não pode ser seletiva. O juiz não pode ser inimigo do réu. Um
juiz sério e cônscio de suas responsabilidades não coloca sua atuação de
forma negociada, com o objetivo de conquistar vantagens pessoais. Um
magistrado não pode perder noites de sono por conta de dramas de
consciência. Ele deve considerar a verdade sobre todas as coisas, mesmo
que essa verdade o desagrade. Tem que estar comprometido com a formação
do sentido de justiça inquestionável. Porque, como dizia Rui Barbosa: “A
pior ditadura é a ditadura da justiça. Contra ela não há a quem
recorrer”.
A justiça tem que ser
exata, precisa, imaculada, ouvinte incondicional das vozes da
legalidade. O poder de julgar não pode ser corrompido pela sedução da
notoriedade, nem ser instrumento para promoção de espetáculos
midiáticos. A moderação e a equidade são condições indispensáveis para a
execução da boa justiça.
Lamentavelmente
parte do poder judiciário brasileiro está ignorando esses conceitos.
Preferiu enveredar pelos caminhos da violação a garantias fundamentais e
exercendo a negativa de direitos, para atendimento de interesses
alheios aos processos sob seu julgamento. Ainda bem que essa postura é
minoritária. Mas está produzindo inseguranças jurídicas que agridem a
sua credibilidade. Togas estão manchadas.
Fonte: Rui Leitão - Publicado por: Érika Soares
Nenhum comentário:
Postar um comentário