PSDB, DEM e PSD discutem fusão partidária das siglas para eleição presidencial de 2022
As
direções partidárias de PSDB, DEM e PSD começaram a discutir a fusão
partidária das três siglas em uma única legenda para disputar as
eleições de 2022, quando estarão em jogo a Presidência da República, os
governos de estado, a Câmara dos Deputados e vagas para o Senado, além
dos legislativos estaduais.
João
Doria é o candidato natural do PSDB à Presidência, e tem procurado se
afastar do mote “BolsoDoria”, que ajudou a elegê-lo governador de São
Paulo em 2018. Em entrevista, o tucano fez inúmeras críticas à condução
do governo Bolsonaro.
As
conversas sobre a fusão começaram nos últimos meses e ainda estão
incipientes — não se discutiu qual seria o nome do novo partido, por
exemplo — e por isso participantes do movimento avaliam que ele não será
concretizado a tempo das eleições municipais do ano que vem. “O
principal empecilho a essa junção era o [Gilberto] Kassab [presidente do PSD]“, diz um tucano graduado que participa das negociações.
“Mas
nas últimas discussões ele [Kassab] mostrou uma mudança de postura e
acredito que é apenas uma questão de tempo para amadurecermos esse
projeto. A ideia é ter tudo concretizado até 2021 para dar tempo de
participar com o novo partido das eleições em 2022”, diz o político do
PSDB. “É um apontamento para o futuro”, comenta um assessor ligado à
direção nacional tucana, sem confirmar que a ideia será concretizada.
Kassab
afirma que foi procurado e se diz aberto ao diálogo, mas avalia que o
mais provável é que legendas maiores venham a se unir somente depois de
2022. “Quando fomos procurados, afirmei que essa questão não foi
discutida internamente no PSD. Acredito que nenhum grande partido terá
disposição de examinar isso antes das eleições de 2022”.
Para
o presidente do PSD, a proibição por lei de coligações nas eleições
proporcionais deve mesmo impulsionar as junções de partidos. “Daqui para
frente essas conversas sobre fusões serão bastante naturais”.
O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), negou a possibilidade de
juntar as três siglas. ACM Neto, prefeito de Salvador e presidente do
DEM, afirmou em resposta à reportagem que há “zero chance”.
Aproximação gradual
A
aproximação de Doria e Maia tem acontecido de maneira discreta porém
gradual desde o início do ano. Maia participou nesta semana da cerimônia
de filiação do deputado federal Alexandre Frota ao PSDB.
“O PSDB e
o DEM estarão juntos em 2020 e em 2022”, afirmou Maia na ocasião.
Tradicionalmente, o DEM apoia o PSDB e participa da coligação encabeçada
pelos tucanos nas chapas majoritárias nos principais estados e nas
eleições para presidente.
Apesar de negar a fusão dos partidos, no evento do PSDB Maia deixou a possibilidade aberta nas entrelinhas de seu discurso.
“Estamos
cada vez mais próximos e mais fortes. E não tenha dúvida, o fim das
coligações vai nos levar à necessidade de uma reorganização partidária
onde o Brasil voltará a ter três, quatro, cinco partidos fortes e um
desses será certamente uma forte possibilidade de termos o DEM e o PSDB
como a mesma força e o mesmo partido de representação”, afirmou o
presidente da Câmara ao lado Doria.
Nos bastidores, Maia é visto
como um nome forte para compor a chapa de Doria na condição de vice mas,
de acordo com um dos tucanos envolvidos nas negociações, “a eleição
ainda está muito longe para falarmos em nomes para a chapa.”
Questionado
sobre a fusão, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB-SP), concorda
com a perspectiva, apesar de não confirmar as conversas dos tucanos com
o PSD e o DEM especificamente. “Estamos no momento de começar a
discutir a tese, essa resistência caiu, então ainda é algo muito
incipiente”, diz Covas.
Dentro da Executiva Nacional do PSD, a
ideia encontra eco. “Em um futuro próximo teremos somente de seis a oito
partidos no Brasil”, afirma um integrante da cúpula.
Novo partido seria o maior do Brasil
A
possível nova legenda seria a maior do país. O PSDB possui atualmente
três governadores (SP, RS e MS), enquanto DEM e PSD, dois cada um (GO e
MT e PR e SE, respectivamente). Unidos, passariam a ter mais
governadores que o PT, sigla que mais conquistou executivos estaduais
nas eleições passadas, elegendo quatro governadores (BA, CE, PI e RN).
No Congresso
Nacional, a possível nova legenda seria também a maior. Na Câmara dos
Deputados, o novo partido teria a maior bancada com folga: 92 deputados –
34 do PSD, 29 do DEM e 29 do PSDB. Hoje, a maior bancada é a do PT, com
56 deputados. No Senado, os três partidos juntos possuem 22 senadores,
superando os 12 senadores do MDB.
Caso a fusão seja concretizada, o
percentual do fundo eleitoral para o financiamento público de campanhas
abocanhado pelo novo partido também seria o maior do país. Nas eleições
de 2018, PSDB, DEM e PSD receberam R$ 386 milhões ao todo, quantia
superior aos R$ 234 milhões destinados ao MDB e R$ 212 milhões
destinados ao PT, então as siglas com maior recurso.
Fonte: UOL
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