Presidente Jair Bolsonaro tenta suavizar regras para policiais, mas acordo é rejeitado
Bolsonaro está sendo criticado por policiais por detalhes relacionados com a reforma da Previdência
© Reuters
O presidente Jair
Bolsonaro, criticado por ter feito muito pouco esforço pela reforma da
Previdência, entrou em campo na última quarta-feira, 3, para suavizar as
regras de aposentadoria para agentes das Polícias Federal, Rodoviária
Federal e Legislativa. Ele ligou para líderes de partidos mais alinhados
ao governo - pelo menos quatro desses deputados confirmaram, sob
condição de anonimato, terem sido procurados pelo presidente - e propôs
um acordo.
O presidente chegou a desmarcar participação em evento à tarde
na Praça dos Três Poderes para cuidar da negociação. Seu esforço,
porém, foi em vão. A própria categoria rejeitou a oferta. "Eu fiz uma
excelente proposta, não aceitaram. Agora, vai para o voto", admitiu
Bolsonaro, após participar à noite de evento na embaixada dos EUA. "O
problema é que ninguém quer perder nada, mas todos têm de dar sua
contribuição."
Antes, um acordo chegou a ser anunciado por líderes
de partidos para diminuir as exigências para a aposentadoria dos
policiais, mas o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), comunicou o
fracasso das negociações. "Uma concessão a policiais poderia gerar
efeito cascata", disse, após reunião com o relator da reforma na
Comissão Especial, Samuel Moreira (PSDB-SP), e o presidente da comissão,
Marcelo Ramos (PL-AM). "Bolsonaro deve ter ligado para parlamentares. É
legítimo achar que um bom acordo é melhor que o confronto." Entre os
deputados que foram escalados pelo presidente está o líder do governo na
Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO).
A proposta original, enviada
pelo governo em fevereiro, cria idade mínima de 55 anos para a
aposentadoria da categoria, com 30 anos de contribuição. As exigências
foram mantidas na terceira versão do parecer de Moreira, lida ontem na
Comissão Especial.
Nesta quinta-feira, 4, não há idade mínima para
policiais federais se aposentarem, apenas a exigência de 30 anos de
contribuição, se homem, e 25 anos, se mulher.
A proposta anunciada
por líderes da Câmara permitia que a categoria se aposentasse com idade
mínima de 53 anos (homem) e 52 anos (mulher). Eles também teriam o
direito ao último salário da carreira (integralidade) e reajustes iguais
aos da ativa (paridade), desde que cumprissem um pedágio de 100% sobre o
tempo que faltasse para trabalhar. Ou seja, se faltarem dois anos, o
agente teria de trabalhar mais quatro anos.
Para Francisco Assis
de Araújo Neto, que representa a Federação Nacional dos Policiais
Federais , a proposta foi pior que a prometida pelo governo. A categoria
queria um pedágio de 17% sobre o tempo que falta, igual à proposta dos
militares das Forças Armadas. Aceitava negociar até 30%. "Não houve
acordo, é fake news. Só promessas. Na hora de honrar, nada", afirmou.
Política ao Minuto com informações do jornal O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário