Walmart pagará cerca de R$ 1 bilhão para encerrar investigação no Brasil
O valor também será pago para o México, Índia e China
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O Walmart fechou
acordo com autoridades americanas para concluir uma das maiores
investigações dos Estados Unidos sobre práticas de corrupção fora do
país. A empresa concordou em pagar US$ 282 milhões em multas (cerca de
R$ 1,1 bilhão) por não ter exercido controle necessário para evitar a
prática de atos ilícitos no Brasil, México, Índia e China. A varejista
confessou, no processo de investigação, ter violado leis que regulam os
procedimentos anticorrupção.
A multa total é uma soma dos valores que serão pagos ao
Departamento de Justiça dos EUA, pelas implicações criminais, cerca de
US$ 138 milhões, e à Securities and Exchange Comission (SEC), órgão
regulador do mercado financeiro, outros US$ 144 milhões. Do montante
total, a penalidade referente ao Brasil será de US$ 4,3 milhões (cerca
de R$ 17 milhões), apurou o jornal o Estado de S. Paulo.
Origem
As investigações começaram em 2012, quando o jornal The New York Times
revelou que o Walmart havia feito pagamentos suspeitos a servidores no
México. Depois disso, o governo americano passou a apurar as práticas da
empresa na China, Índia e Brasil. Os investigadores culpam o grupo por
não ter usado os controles exigidos pela legislação ao contratar
empresas terceirizadas para abertura de lojas nesses quatro países.
Em
comunicado, o procurador Brian A. Benczkowski afirmou nesta
quinta-feira, 20, que o Walmart "lucrou com a rápida expansão
internacional, mas ao fazer isso optou por não tomar as medidas
necessárias para evitar a corrupção".
A investigação mostrou que,
por 11 anos, entre 2000 e 2011, funcionários responsáveis pelo controle
contábil da empresa estavam cientes de falhas nos procedimentos
anticorrupção.
Caso no Brasil
Apesar do
alerta nos relatórios de autoria interna, a empresa manteve e renovou
contratos com empresas terceirizadas sem implementar controles
suficientes. O Departamento de Justiça dos EUA informou que foram feitos
pagamentos indevidos no Brasil a servidores do governo como
contrapartida a facilitações na construção de duas lojas, em 2009. A WMT
Brasília, subsidiária integral da varejista global que controlava o
Walmart Brasil à época das investigações, confessou não ter mantido
registros contábeis na forma exigida.
Os executivos internacionais
do Walmart tiveram ciência dos riscos de corrupção no Brasil em julho
de 2000, mas mesmo assim o sistema de "due dilligence" (auditoria) não
foi implementado. Entre 2008 e abril de 2012, o Walmart Brasil pagou US$
52 milhões a uma empreiteira para a construção de oito lojas no País.
Em 2009, a empresa soube que foram feitos pagamentos ilegais de cerca de
US$ 500 mil a um intermediário, ex-servidor do governo, para acelerar o
processo de construção de duas lojas e obtenção de licenças. Desde o
ano passado, o Walmart Brasil é controlado pelo fundo Advent.
As
investigações não informaram o nome do intermediário, nem da
construtora, mas apontaram que o apelido do ex-servidor dentro do
Walmart Brasil era "gênio" e "feiticeiro", por conseguir mais rápido as
permissões de construção.
Em comunicado, o Walmart informou que está "comprometido em fazer
negócios da maneira correta e que isso significa agir de forma ética em
todos os locais onde há operações". A empresa também afirmou que possui
agora um programa forte de compliance e anticorrupção global. O Walmart
no Brasil reforçou que o acordo fechado não se refere a atos praticados
por nenhum dos atuais funcionários do País, nem os membros da diretoria
ou do conselho de administração, e não trará impactos para o negócio. O
Advent não se manifestou.
Notícias ao Minuto com informações do jornal O Estado de S. Paulo
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