'Estou comendo pão que diabo amassou', diz Jair Bolsonaro a caminhoneiros
Rodeado por cerca de 30 caminhoneiros, Bolsonaro incentivou o grupo a dar entrada no pedido de porte de arma de fogo
© Marcos Corrêa/PR
Em encontro de pouco mais de
quarenta minutos com caminhoneiros em Anápolis (GO), o presidente Jair
Bolsonaro disse estar "comendo o pão que o diabo amassou", mas que só
muda se cassarem seu mandato. "Eu estou comendo o pão que o diabo
amassou. Não loteamos ministérios, bancos oficiais e estatais. (...) Só
muda se alguém cassar o meu mandato", afirmou o presidente a um
caminhoneiro que disse acreditar que falta boa vontade em Brasília.
Bolsonaro chegou acompanhado do governador de Goiás, Ronaldo
Caiado (DEM), do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas,
do líder do governo na Câmara dos Deputados, Major Vitor Hugo (PSL), e
do porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo de Barros. Pela
manhã, o presidente cumpriu agenda em Goiânia, onde se reuniu com
representantes do governo e participou de um culto na Assembleia de
Deus.
Rodeado por cerca de 30 caminhoneiros, Bolsonaro incentivou o
grupo a dar entrada no pedido de porte de arma de fogo, se comprometeu a
acabar com os radares móveis - "para dar uma folga para o policial
rodoviário" - e disse que pretende aumentar a validade da carteira de
motorista para dez anos e passar o limite de pontos para 40. Na maior
parte do almoço, Bolsonaro ficou em silêncio comendo rodízio de carne. A
maioria das perguntas feitas pelos caminhoneiros foi respondida pelo
ministro da Infraestrutura.
Ao entrar no tema "porte de arma de
fogo", Bolsonaro perguntou para um grupo de caminhoneiros que estava
sentado à sua frente na mesa quantos eram favoráveis à medida. Três
levantaram a mão em resposta ao presidente. "No decreto, eu acabei com a
comprovação da efetiva necessidade. Por enquanto, está um pouco caro
ainda, mas vamos diminuir isso aí. Mas já abriu as portas, dá entrada...
Tem um tempo de dois ou três meses para conceder o porte. Eu coloquei
lá como profissão de risco (caminhoneiros). Quanto mais arma, mais
segurança. Se tiver arma de fogo, é para usar", explicou.
Questionado
por um caminhoneiro sobre a existência de algum projeto que permita
reduzir o preço do diesel para a categoria, Bolsonaro respondeu: "O que
mais pesa no combustível é o ICMS, que é do Estado. Não é a gente. Por
isso que eu trabalho para privatizar o refino. Quanto mais tiver
concorrência, melhor. Tá ok?".
Depois de ser questionado por um
caminhoneiro sobre se há algum dispositivo na proposta de reforma da
Previdência que inclua a categoria, Bolsonaro teve de consultar o líder
do governo na Câmara. "Não, especificamente, não", disse o deputado
Major Vitor Hugo. "Antes dos 65 anos não conseguimos aposentar?",
retrucou o caminhoneiro. "Não", respondeu o presidente.
Almoço de Bolsonaro com caminhoneiros custou R$ 1,7 mil
O
almoço, realizado de última hora no Posto Presidente, custou R$
1.694,00 e foi pago pela Secretaria de Administração do Presidência da
República. "Foi aleatória (a ida para o restaurante). Foi feito
levantamento de ontem para hoje de onde teria mais caminhões neste
horário, eu estava vindo de Goiânia e paramos aqui para conversar com os
caminhoneiros", explicou o presidente sobre o encontro.
Ao final do encontro, Bolsonaro disse que a conversa foi "bastante
cordial". "Eles têm seus problemas. Passam por nós muitos deles. E para
muitos estamos buscando soluções e, para outros, buscaremos", contou a
jornalistas após o almoço. Questionado sobre os protestos contra o
contingenciamento de verbas na educação realizados pelo País nesta
quinta-feira, 30, disse: "Ah, vamos falar sobre caminhoneiros, vai..."
Política ao Minuto
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