Bolsonaro tenta se fazer de vítima ao apelar por clamor popular, avaliam líderes sobre carta-renúncia
Líderes
políticos reagiram ao texto compartilhado nesta sexta-feira (17) pelo
presidente Jair Bolsonaro em que ele aborda as dificuldades que enfrenta
para governar, sugerindo nas entrelinhas, a renúncia do cargo de
Presidente da República. No fim do dia, veio à tona que o autor do
“artigo anônimo” é, na verdade, um investidor que atua no mercado
financeiro filiado ao partido Novo.
O líder do PDT, André Figueiredo (CE) viu na atitude do presidente a antecipação de um novo Jânio Quadros.
“Vivemos
um momento delicadíssimo, onde tudo que vem deste Governo em seus
diferentes núcleos (familiar, militar, financeiro, motorista) tem que
ser bem analisado e prevenido. Esse texto é um prenúncio de querer ser
um novo Jânio, já venho falando disto há algum tempo”, afirmou o
congressista ao blog.
Na avaliação do governador
do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), esse discurso contra supostos
“inimigos da Nação” é muito conhecido.
“Por exemplo, foi
fartamente usado por Hitler e o final todos conhecemos. O presidente da
República não pode difundir discursos desse tipo, pois ele jurou cumprir
e defender a Constituição. E fora da Constituição só existem as trevas
de regimes ditatoriais”, avaliou.
Para o líder do PT na Câmara,
Paulo Pimenta (RS) os sinais de deteriorização presidencial são
visíveis, havendo ainda possibilidade do presidente ser afastado após o
Ministério Público quebrar o sigilo bancário de ex-funcionários do
senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente.
“Essa
relação dos Bolsonaro com as milícias cresce a cada momento. O próprio
desespero da manifestação dele nos EUA contra os estudantes que
protestaram [contra os cortes nos recursos da educação] mostra uma
sensação de medo principalmente após a quebra do sigilo bancário de 90
pessoas, 12 delas nomeadas como parente de Bolsonaro”.
O texto fala
que o presidente está “sofrendo pressões de todas as corporações, em
todos os poderes”, que o país “está disfuncional” e que “até agora (o
presidente) não fez nada de fato, não aprovou nada, só tentou e
fracassou.
Na avaliação de Orlando Silva, líder do PCdoB, essa
“Janioquadrisse” do presidente revela suas limitações políticas e de
horizonte.
Para o deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP) o compartilhamento do texto é um fato gravíssimo.
“Um
parlamentar que exerceu 28 anos de mandato e que tem três filhos
eleitos (dois no Congresso Nacional) não poderia desconhecer as enormes
dificuldades de se governar um país da complexidade do Brasil”, avaliou o
congressista.
Para ele, a nota mostra um “presidente acuado pela
sua própria inabilidade em conduzir a nação”, diz. “Revela também um
desejo de mobilizar a sociedade contra as instituições para poder
governar sem elas. Bolsonaro é um presidente sem projeto, sem agenda,
sem base parlamentar e, cada dia mais, sem popularidade”.
Líderes
da base do governo foram pegos de surpresa com a manifestação de
Bolsonaro e, por enquanto, preferem se manifestar em reservado.
“Bolsonaro
repete Jânio Quadros do jeito dele, é claro, com texto apócrifo! É o
início do fim ou o fim do início?”, questiona um líder. “Será este texto
a licença para iniciar o governo que o “centrão” quer? Como disse a
líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann, na última quarta-feira prometendo que vocês (nós) da imprensa iríamos ter uma surpresa na
próxima semana?”.
Fonte: Revista Fórum
Nenhum comentário:
Postar um comentário