Tucano João Doria quer 'faxina' e mudar nome do PSDB, após encomendar pesquisa
Aliados do governador planejam promover o que chamam de "faxina ética" na agremiação
© REUTERS/Amanda Perobelli
Maior liderança tucana hoje,
o governador de São Paulo, João Doria, disse que o PSDB encomendou uma
pesquisa para avaliar entre outras coisas a possibilidade de uma mudança
no nome do partido. Além disso, aliados do governador planejam promover
o que chamam de "faxina ética" na agremiação após a convenção nacional
da sigla, que está marcada para junho.
Após o fiasco dos tucanos nas eleições de 2018, quando o
ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin recebeu a pior votação de um
candidato presidencial do partido e a bancada da Câmara encolheu pela
metade, a atual direção executiva deve ser quase toda substituída por
aliados de Doria. O plano de reestruturar a sigla foi antecipado semana
passada pela Coluna do Estadão.
"Nós vamos estudar. Defendo que
façamos uma pesquisa a partir de junho. Já está previsto, inclusive. E
que esta ampla pesquisa nacional avalie também o próprio nome do PSDB",
disse Doria, neste domingo, 14, depois de participar da convenção
municipal do PSDB de São Paulo.
"Melhor do que o achismo e o
personalismo é a pesquisa, ela representa a convicção daquilo que emana
da opinião pública", justificou o governador. A ousadia divide opiniões
no partido. "Em relação a nome, não vejo como uma prioridade. O nome não
é imutável mas é uma questão acessória", disse o ex-governador Geraldo
Alckmin, presidente nacional do PSDB.
Expurgo
Em conversas
reservadas o governador tem defendido a tese de que o partido deve
adotar uma rigorosa linha ética de corte. Estão na mira o ex-governador
do Paraná, Beto Richa, que foi preso em uma operação do Ministério
Público do Paraná (MP-PR) que investiga desvio de recursos que deveriam
ser usados na construção de escolas, o ex-governador Eduardo Azeredo,
preso por desvio de recursos de estatais mineiras, e o deputado federal
Aécio Neves, réu por corrupção no Superior Tribunal Federal (STF).
Outro
que deve perder espaço no partido é o ex-governador Alberto Goldman.
Desafeto do governador, ele chegou a ser expulso pelo diretório do PSDB
paulista, mas o caso não prosperou na direção nacional. Entre quadros
antigos do partido o movimento vem sendo tratado como um "expurgo".
"Precisamos
saber se ele vai mesmo tomar o partido de assalto, como pretende. Dele
não posso esperar nenhum ato decente. Tudo é possível", disse Alberto
Goldman. A motivação do pedido de expulsão foi a decisão do
ex-governador de apoiar Paulo Skaf (MDB) na eleição pelo governo
paulista. Procurado, o governador não quis se manifestar, mas seus
aliados falam abertamente sobre o movimento.
"O novo PSDB que nós
queremos ajudar a construir, não tem espaço para condenados pela Justiça
e, portanto, deverão obrigatoriamente deixar o PSDB", disse a deputada
estadual Carla Morando, líder do PSDB na Assembleia Legislativa
paulista.
A deputada vai integrar a executiva estadual do PSDB e
seu marido, Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC
paulista, irá para a executiva nacional. O governador Doria escolheu o
ex-deputado e ex-ministro da Cidades Bruno Araújo para suceder Alckmin
na presidência nacional do partido.
"O PSDB vai trabalhar forte no
sentido de atender as demandas que a sociedade impõem aos gestores
públicos e filiados, no que tange aos critérios éticos. O partido vai
seguir uma nova postura", afirmou o secretário de Desenvolvimento
Regional de SP, Marco Vinholi, o escolhido por Doria para presidir o
diretório estadual do PSDB paulista a partir de maio.
Pesquisa
Segundo
interlocutores do governador, a pesquisa encomendada pelo PSDB vai
embasar as expulsões. Ainda não está definido se outros tucanos, como
Aloysio Nunes, que é investigado na Lava Jato, também serão enquadrados.
Atual
presidente nacional do PSDB, Alckmin disse ao jornal O Estado de S.
Paulo em fevereiro que o atual estatuto da legenda está "defasado" e
admitiu que o partido nunca teve um código de ética. A ideia, segundo
ele, é "fazer uma profunda mudança no estatuto e aprovar o 1.° código de
ética do PSDB".
Covas
Aos gritos de "1,2,3 é Covas outra
vez" o PSDB de São Paulo fez o primeiro gesto explícito em defesa da
reeleição do prefeito Bruno Covas, neste domingo, na convenção que
escolheu a nova direção municipal do partido.
O novo presidente é o
desconhecido Fernando Alfredo, o Fernandão, chefe de gabinete da
subprefeitura de Pinheiros, escolhido pelo próprio prefeito depois de um
acordo de cúpula com o governador João Doria, que por sua vez indicou o
secretário-geral, Wilson Pedroso, e tesoureiro, João Jorge, secretário
municipal da Casa Civil.
"Vocês são militantes hoje e serão para a
reeleger Bruno Covas no ano que vem", disse Doria durante o evento. O
próprio prefeito foi mais cauteloso e disse que seu foco agora é
governar a cidade.
O evento reuniu lideranças como Doria, o
ex-governador e presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, os
senadores Mara Gabrilli e José Serra. No momento em que Doria fala em
mudar o nome do partido, a maioria dos oradores foi na direção contrária
enaltecendo o legado do partido, principalmente os governos Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002).
Enquanto setores do PSDB ligados a Doria pendem para o apoio a pautas
conservadoras, Alckmin defendeu que o partido ocupe o espaço no centro,
volte-se para a "defesa dos mais fracos e das minorias" e o
"compromisso com emprego e renda". Doria negou que a fala de Alckmin
fosse mais à "esquerda" do que a dele. "Foi um discurso democrático
voltado para as obrigações de quem cumpre mandato ", disse o governador.
Política ao Minuto com informações do jornal O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário