Vendedora de 37 anos de idade é brutalmente espancada, humilhada e largada na estrada
O principal suspeito do crime é o namorado da vítima. Ao Gazeta Online, o irmão da vendedora narra o desespero ao encontrá-la: “Foi a coisa mais horrível que aconteceu na minha vida”, diz
Uma
cena de horror que se repete. Nos últimos dias, a imagem da paisagista
Elaine Caparroz, de 55 anos, agredida pelo estudante de Direito Vinícius
Serra, de 27 anos, chocou o Brasil. Nesta segunda-feira (4), tamanha
violência volta a acontecer, desta vez, na pacata Pedra Menina, em Dores
do Rio Preto, Região do Caparaó, no Espírito Santo.
A vítima, a vendedora Jane Cherubim de
36 anos, saiu da cervejaria da família – onde os dois trabalhavam -, com
o namorado Jonas Amaral, 34 anos, com quem tinha um relacionamento há
cerca de um ano. E foi encontrada horas depois pelos irmãos perto de uma
curva, seminua, desmaiada e torturada, na estrada que dá acesso ao
Parque Nacional do Caparaó pelo Estado.
Nesta terça-feira (05), internada em um
hospital de Carangola, cidade mineira perto de Dores do Rio Preto, ela
ainda não fala, não enxerga e tem marcas de roxo por todo o corpo.
Infelizmente, Jane não foi a única
mulher agredida neste feriado de carnaval no Estado. No domingo, a jovem
Maikelly Rodrigues da Silva, de 28 anos, foi encontrada morta,
amarrada, sem roupas e com cinco tiros na cabeça na Serra. Na madrugada
de segunda, um ex-marido ateou fogo na casa da ex e quatro pessoas
precisaram pular do segundo andar para escapar das chamas.
DEPOIMENTO
Sem conseguir dormir e tirar da cabeça
as imagens da irmã, que achou estar morta de tão machucada, o empresário
Cleiton Cherobin, 33 anos, conversou com a reportagem do Gazeta Online
sobre os detalhes que antecederam o crime, como a encontrou e como era a
relação de Amaral com a família. “O cara era muito, muito atencioso. Só
tinha um porém: ele era ciumento ao extremo”. Abaixo, Cleiton descreve o
terror que ainda estão passando.
O que aconteceu?
Eles estavam trabalhando à noite junto
comigo. A noite toda todo mundo bem, trabalhando. Quando foi perto de 3
horas da manhã, fomos embora. A gente desce à direita para Espera Feliz
(MG) e ele não desceu. Ele subiu para Forquilha do Rio. A minha esposa
comentou comigo o que o Amaral iria fazer lá uma hora dessa.
Ele estava com a sua irmã no carro.
Sim. Temos filmagens, temos tudo. Os
dois saindo do trabalho e entrando no carro. Subiram para estrada
Parque. Aí a minha esposa fez o comentário. Aquilo me preocupou. Resolvi
ligar para a minha irmã. Liguei duas vezes e ela não atendeu. Ela não
era de fazer isso, aí que eu fiquei mais preocupado ainda. Fui ligando,
ligando e ele atendeu o celular dela. Muito nervoso, falando que ele
tinha brigado com ela, e ela tinha jogado a chave do carro fora, que ele
queria a chave para ir embora. Eu falei para ele se acalmar e perguntei
onde ele estava. Ele disse que estava perto de Espera Feliz no asfalto.
Eu falei que ia buscá-lo, ele disse que não precisava e imediatamente
desligou o telefone.
O que você fez?
Virei o carro e fui para Espera Feliz.
Rodei a cidade toda, fui na casa da minha irmã, porque ela mora em
Espera Feliz. Ela não estava, só estava o filho dela dormindo. Ele
acordou e entrou comigo no carro. Fui à Delegacia de Espera Feliz.
Voltamos e fomos para a casa do pai do agressor. Aí ele ligou querendo
falar com o pai dele. O pai dele ficou gritando: ‘Não faz isso não,
Amaral. Volta pra casa’. Eu acho que naquele momento ele já tinha
confessado para o pai dele que tinha agredido a minha irmã. Eu voltei
para Pedra Menina. Antes disso, chamei o meu irmão no sítio dele. A
minha esposa foi com o meu carro e eu no carro com o meu irmão. Subi
para a Forquilha do Rio. Quando estava subindo, encontrei outro
funcionário que entrou no carro para ajudar a gente.
Cena de horror.
A gente andou uns quatro quilômetros subindo.
“Quando a gente saiu de uma curva,
ela já estava espichada no meio da rua. Toda ensaguentada, seminua, sem
calcinha, toda ralada, o rosto todo deformado, sangue, a orelha dela
toda inchada, cabeça toda cortada, as unhas… Arrancou a unha dela.” –
Cleiton Cherobin, irmão da vítima
Toda destruída. E o carro dele estava
logo na frente abandonado. Eu acho que ele achou que ela estava morta,
colocou ela no meio da estrada, perto de uma curva, para alguém vir de
carro, não ver e atropelar. Mas Deus foi tão bom que eu achei ela.
Coloquei ela no carro e levei para o hospital.
Ela estava acordada ou desacordada? Conseguiu falar alguma coisa?
Não. Ela não tem como falar. Ela estava
desmaiada. Nem hoje ela consegue falar. Você não tem noção. Ela está com
o nariz quebrado, a boca toda cortada. Ela tinha um rosto fininho. Vou
te mandar uma foto de antes e outra dela agora.
A gente pode usar as imagens para mostrar com ela está?
Claro! A gente precisa prender esse vagabundo. A gente precisa alertar outras mulheres. Gente, essas meninas estão perdidas.
“Se viu que o companheiro é
agressivo, chato, enjoado, ciumento, larga. Sai fora. Não fique correndo
risco de vida.” – Irmão da vítima
Ele já tinha algum histórico de agressão, algum comportamento estranho?
Não. A gente abraçou ele na família como
se fosse um irmão. O cara era muito generoso, bacana. Muito atencioso.
Só tinha um porém: ele era ciumento ao extremo. A minha irmã é muito
bonita e ele é um cara feio. Então ele era muito ciumento. A gente ouvir
dizer que ele já bateu em outra mulher, mas a gente não sabia disso, a
gente só ficou sabendo agora.
Eles estavam juntos há quanto tempo?
Acho que por volta de um ano.
O filho dela não é dele?
Isso. É de outro relacionamento.
Ele é da região?
Ele é de Espera Feliz, Minas.
O que você sentiu quando viu a sua irmã naquela situação?
Simplesmente achei que a minha irmã
estava morta. Senti uma aflição muito grande. Minha irmã estava toda
ensaguentada. Foi a coisa mais horrível que aconteceu na minha vida.
“Não consigo dormir. Aquele filme fica
na minha mente. O sentimento é de como pode ter uma pessoa tão brutal,
tão sem amor ao próximo para fazer uma crueldade dessas.” – Irmão da vítima
A única coisa que pensei foi em pegá-la e
socorrê-la. Levamos para o hospital de Espera Feliz e hoje ela está em
Carangola, que é um hospital melhor.
Qual é o estado de saúde dela?
“Estável. Ela não conversa, respira por
aparelho, ela não enxerga, está com o nariz quebrado. Está com o pescoço
todo roxo porque ele tentou estrangulá-la. Não tem uma parte do corpo
dela que não esteja roxa ou ralada, porque ele esfregou ela no
calçamento pra todo lado.” – Irmão da vítima
Eu nunca tinha visto isso com a gente.
Nossa família é muito querida, humilde, conhecida. É inacreditável a
gente passar por isso. É difícil demais.
INVESTIGAÇÃO
A polícia pediu a prisão de Jonas Amaral pela suspeita de ter espancado a namorada. A briga teria sido motivada por ciúmes.
De acordo com o delegado Ricarte
Teixeira, um dos irmãos da vítima acompanhado de um advogado foi ouvido e
contou que a briga pode ter sido motivada por ciumes. Os dois trabalham
em uma loja de calçados em Espera Feliz (Minas Gerais) e durante o
carnaval estavam trabalhando em uma cervejaria na localidade.
“Ele disse que o casal saiu de lá por
volta das 3h, mas como ele teve um mal pressentimento começou a ligar
para o telefone dela, mas não estava conseguindo falar. Até que eles se
falaram e o suspeito disse que haviam brigado aparentemente por ciúmes.
Ela foi encontrada caída na estada após 1h30 mais ou menos”, contou o
delegado.
O vendedor vai responder pelo crime de
tentativa de feminicídio e pode pegar até 20 anos de prisão. A vendedora
permanece internada na Casa de Caridade de Carangola em Minas Gerais.
Quem tiver informações sobre o paradeiro
do Jonas Amaral, pode entrar em contato pelo disque-denúncia 181. (Com
informações de Geizy Gomes).
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Jonas Amaral, acusado de espancar a namorada em Dores do Rio Preto. Ele está foragido – Foto: Reprodução/Instagram |
Fonte: www.noticiaagora.com.br
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