Desfile das Escolas de Samba neste Sábado das Campeãs, no Rio de Janeiro, é de emoção e orgulho
O desfile começa às 21h15 e, segundo a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), a primeira a se apresentar será a Mocidade Independente de Padre Miguel

© Pilar Olivares/Reuters
O rigor do desfile oficial e
a preocupação com os jurados vão ser deixados de lado neste Sábado das
Campeãs, quando as seis escolas mais bem classificadas no carnaval de
2019 do Rio de Janeiro prometem um espetáculo para o público que estará
na Marquês de Sapucaí. A campeã, Mangueira, volta à passarela, bem como a
Viradouro, a Unidos de Vila Isabel, a Portela, o Salgueiro e a Mocidade
Independente de Padre Miguel.
O desfile começa às 21h15 e, segundo a Liga Independente das
Escolas de Samba (Liesa), a primeira a se apresentrar será a Mocidade
Independente de Padre Miguel. Em seguida, virão Salgueiro, Vila Isabel,
Unidos do Viradouro e Mangueira, que deve desfilar por volta das 2h40 de
domingo (10).
A
Mocidade Independente de Padre Miguel, sexta colocada e primeira a
desfilar neste sábado, não precisou fazer grandes reparos nos carros
alegóricos por causa do trajeto de ida e volta do Sambódromo após a
apresentação oficial durante o carnaval. Hoje serão feitos apenas
retoques na própria concentração para a entrada na Marquês de
Sapucaí.Segundo o diretor de Carnaval da Mocidade, Marquinho Marino, as
alegorias não sofreram avarias no transporte e que houve apenas revisões
mecânica e elétrica. Ele disse que o público terá uma nova visão da
Mocidade que, no desfile oficial, passou pela Marques de Sapucaí já com
dia claro e hoje se apresentará à noite. “Agora a gente vai mostrar
realmente o que são os nossos carros porque de dia a iluminação não é a
mesma. E é evidente que há uma perda muito grande na comparação com as
escolas que estavam na noite”, afirmou.
O diretor de Carnaval do
Salgueiro, Alexandre Couto, destacou que o cuidadoso trabalho feito no
barracão para o transporte das alegorias até Passarela do Samba e para o
retorno após o desfile oficial garantiu a conservação dos carros, que
não exigiram reparos. "Temos uma equipe e uma logística que leva e traz
os carros para a avenida perfeitamente. É um trabalho com que não me
preocupo, os carros voltam em perfeitas condições. Vamos fazer um
desfile no mais alto nível e nas mesmas condições do desfile oficial.”
Couto descreve o transporte das alegorias até o Sambódromo como uma
“verdadeira viagem”, porque o caminho é árduo. Algumas alegorias chegam a
ter 20 metros de cumprimento, 8 de largura e 15 de altura. “Por isso, a
gente pode ter que fazer uns reparozinhos na concentração, mas hoje a
escola está prontinha para desfilar.”
Segundo Couto, o Salgueiro
vai se apresentar muita descontração e comemorar o desfile feito na
madrugada de segunda-feira, após superar dificuldades na preparação do
carnaval. “Foi uma grande vitória diante do desafio de fazer carnaval no
Salgueiro por causa da guerra política [correntes de poder dentro da
escola] que teve no ano passado. Só de vir ao desfile das campeãs já é
uma grande vitória.”
A Portela fez pequenos reparos de peças que
se soltaram das alegorias. Segundo Júnior Schall, integrante da Comissão
de Carnaval da Portela, o número de componentes que desfilam hoje pode
ser menor, pois muitos não moram no Rio e já voltaram às cidades de
origem. Schall ressaltou que a escola tem se mantido entre as primeiras
colocadas, o que leva os portelenses a preservar as fantasias porque
“sabem” que vão voltar à avenida para o desfile das campeãs. “A Portela
tem o maior quantitativo nos desfiles das campeãs. Há seis anos voltando
nas campeãs, o componente da Portela se acostumou a desfilar duas
vezes. Sem que isso possa parecer arrogância, ele preserva a fantasia,
leva para a casa, guarda.”
Schall
destacou ainda a participação da comunidade portelense nas atividades
da agremiação, como os ensaios que ocorrem às quartas-feiras. “São cerca
de 2,5 mil pessoas dentro de um universo de 3,5 mil componentes, o que
significa que temos quase o total de gente da quadra da Rua Clara Nunes,
81, ensaiando lá e se aplicando. Esse número é bem favorável”, afirmou.
Ele lembrou que homenagem à cantora Clara Nunes era um pedido antigo
dos portelenses. “Emoção não é quesito, como andaram falando aí, mas no
momento em que se abre mão da emoção – e a Portela não pode fazer isso
de modo algum – a gente fica carente demais de poder apresentar um
espetáculo a altura do que o povo precisa.” Para ele, não há como falar
de Clara Nunes, ainda mais em Portela, sem se emocionar."
Terceira
colocada, a Vila Isabel precisou fazer poucos reparos nas alegorias e
fantasias voltar à Marquês de Sapucaí. O nível de peças danificadas foi
baixo, e a Vila voltará 100% para a avenida, informou o coreógrafo
Patrick Carvalho, integrante da Comissão de Carnaval. “A Vila está
inteira para o desfile.” Patrick, que recebeu nota máxima dos jurados,
lembrou a tensão do desfile oficial e disse que neste sábado haverá
mudanças. “Quando eu virava a mesa [que era usada pelos componentes para
a coreografia] só fazia os truques para os jurados. No sábado, quero
fazer isso para a avenida inteira. Vou modificar para acrescentar esse
grande show para o público.”
Para Patrick, a preparação
de uma comissão de frente mexe muito com o emocional, porque vários
aspectos têm de ser analisados para a execução dos movimentos, e a carga
de ensaios é elevada. Ele comparou a comissão de frente a um filho que a
pessoa cria para o jurado bater, se quiser. "É muito desgastante, o
emocional, a saúde, a família. Então, quando vêm os 40 pontos, é um
alívio, e você não sabe de onde sai aquele peso.” No desfile das
campeãs, a escola vem descontraída, reafirmando a mensagem de que as
pessoas precisam respeitar mais os museus. "No Brasil não valorizam
muito. As pessoas entram nos museus e ficam tirando selfies.”
A
vice-campeã, Viradouro, também não precisou fazer reparos nas
alegorias. O presidente da escola de Niterói, Marcelinho Calil, disse
que as equipes que trabalham no barracão da escola acompanham o
transporte e que, a cada ano, evoluem os preparativos para definir rotas
de ida e volta para que os carros possam ir e voltar sem problemas. “A
Viradouro vai levar a mesma energia, a mesma pegada de domingo. O
desfile não tem a mesma adrenalina da competição, mas, para nós, não vai
ser problema. Todo mundo vai estar mais leve, diante do que a escola
passou nos últimos anos”, destacou Calil. Depois de um período na Série
A, antigo Grupo de Acesso, a volta ao Grupo Especial, considerado a
elite do carnaval do Rio, é em clima comemoração, acrescentou. Para o
carnavalesco Paulo Barros, o desfile do vice-campeonato será menos
tenso: “as pessoas estão felizes com o retorno ao carnaval em grande
estilo e em altíssimo nível. Pode ter certeza de que a gente tentará
reproduzir o nível de qualidade apresentado no domingo de carnaval [3]”,
afirmou. “Com a escola mais leve, mais solta, menos preocupada em
preencher certas funções, mas, com certeza, o brilho no olhar, como diz o
samba, vai ser o mesmo. Pode ficar tranquilo que a gente vai fazer um
grande espetáculo no sábado.”
O intérprete Marquinho Art’Samba, da
Mangueira, mostrou-se confiante no envolvimento do público pelo
samba-enredo da escola, considerado o melhor deste ano. “É um desfile
menos técnico e com muito mais emoção. No desfile oficial tem certos
tons em que a gente tem que ficar comedido. No desfile do sábado, posso
botar mais cacos e me comunicar mais com o público, o que gera mais
emoção.”
Marquinho espera que, durante o "esquenta" para o desfile, ainda no
Setor 1, o mais popular das arquibancadas do Sambódromo, possa cantar
dois ou três sambas com os quais a Mangueira foi campeã, além de sambas
de quadra. “O esquenta da Mangueira costuma ser emocionante, e vamos
fazer algo mais voltado ao público”, afirmou. Para Marquinho, o samba
foi além das expectativas no desfile oficial. “No pré-carnaval, quando
um samba é muito falado, ou é o mais ouvido, fica aquela dúvida para
saber se ele acontece nesse período e, quando chega o desfile, isso não
se repete. A comunidade estava cantando muito o samba, e logo, quando a
bateria saiu do primeiro box e teve uma paradinha [no som dos
ritmistas] no Setor 3, e o público veio abaixo, a gente percebeu que na
avenida ia fluir bem. O público cantou muito o samba”, lembrou o
intérprete da escola campeã.
Notícias ao Minuto
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