Após vídeo, Palácio do Planalto vê desmobilização de apoiadores de Jair Bolsonaro
Monitoramento feito nas contas do governo e do próprio presidente mostrou que as críticas não vêm só de oposicionistas, mas de pessoas que votaram em Bolsonaro

© Marcos Corrêa/PR
Após repercussão
negativa de postagens controversas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro
em suas redes sociais, o Palácio do Planalto identificou desmobilização
de parte da tropa de seus apoiadores na internet.
Monitoramento
feito nas contas do governo e do próprio presidente mostrou que as
críticas não vêm só de oposicionistas, mas de pessoas que votaram em
Bolsonaro por se identificarem com pautas conservadoras, mas
especialmente por serem críticos aos governos do PT.
A preocupação
de auxiliares palacianos é que esse tipo de publicações leve a uma
geração de crises espontâneas recorrentes e que isso prejudique sua
popularidade antes mesmo de o governo chegar aos primeiros cem dias.
Na
visão deles, as polêmicas criadas a partir de publicações nas redes
oficiais podem atrapalhar a votação de pautas consideradas fundamentais
para o bom desempenho do governo, como a reforma da Previdência.
O
episódio mais recente foi em meio ao feriado de Carnaval, quando
críticas a escândalos envolvendo candidaturas de laranjas e críticas ao
presidente e seus familiares foram presentes em blocos em diversas
capitais brasileiras.
Além disso, na terça-feira (5), Bolsonaro
divulgou em seu perfil oficial do Twitter um vídeo em que em que um
homem aparece dançando sobre um ponto de táxi após introduzir o dedo no
próprio ânus. Na sequência, surge outro rapaz que urina na cabeça do que
dançava.
Entre os usuários, alguns criticaram o dirigente por ele
ter sido o responsável por compartilhar imagens com conteúdo
pornográfico, levando esse tipo de mensagem a chegar a crianças e
menores.
Bolsonaro se elegeu, entre outras bandeiras, por defender
o fim da educação sexual nas escolas. Por meio da bandeira do projeto
Escola sem Partido, o presidente diz com frequência que governos de
esquerda promoviam a erotização das crianças.
Nesta quarta (6),
após a hashtag "goldenshowerbolsonaro" se tornar um dos assuntos mais
comentados na rede social no Brasil, o presidente fez um post indagando
"o que é golden shower?" e nova onda de críticas tomaram as redes
ligadas a ele.
Golden shower é o nome popular -em inglês- para o
fetiche de urinar na frente de um parceiro ou sobre ele. Novas críticas
vieram de oposicionistas e de apoiadores.
A reforma da
Previdência, tema caro ao governo, ficou de fora da grande quantidade de
publicações do presidente feitas nas redes durante o feriado.
O
controle do conteúdo publicado nas redes sociais não está a cargo da
Secom (Secretaria de Comunicação Social), como era feito em gestões
anteriores. Ao assumir o governo, o presidente passou o tema aos
cuidados de assessores especiais, ligados diretamente à Presidência.
Entre
os assessores especiais está Tercio Arnaud, que era do gabinete do
vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), um dos filhos do presidente e o
responsável por criar uma estratégia de comunicação agressiva do pai com
usuários das redes sociais.
Questionado sobre os motivos das
publicações, a assessoria de imprensa do Planalto informou à reportagem
que não comentaria o caso por se tratar de uma conta pessoal do
presidente.
Embora o episódio do Carnaval tenha gerado críticas, a
primeira identificação de dissidentes se deu em fevereiro, no processo
de fritura pública do ex-ministro Gustavo Bebianno, demitido por
Bolsonaro após ter sido chamado por ele pelo Twitter de mentiroso.
O
monitoramento das redes mostrou que apoiadores viram no processo de
desgaste do ex-ministro, que foi um dos principais aliados do presidente
na campanha, um sinal de deslealdade de Bolsonaro.
Após a Folha
de S.Paulo revelar um esquema de candidaturas de laranjas, Bebianno
passou quase uma semana pendurado no cargo após ter sido chamado
publicamente de mentiroso pelo presidente.
Notícias ao minuto com informações da
Folhapress
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