Pescadores são resgatados em ilha cheia de serpentes em Itanhaém, no litoral sul de São Paulo
Ilha da Queimada Grande é considerada um dos piores lugares do mundo para visitação. Além de não possuir praias, registra forte presença da jararaca-ilhoa

© DR
Quatro pescadores
náufragos foram resgatados por um barco com mergulhadores, no fim da
tarde deste sábado, 2, depois de ficarem três dias num costão da Ilha da
Queimada Grande, a 35 km da costa de Itanhaém, no litoral sul do Estado
de São Paulo. A ilha é conhecida como habitat natural da
jararaca-ilhoa, uma das serpentes mais venenosas do Brasil - a pessoa
atacada geralmente morre após duas horas. Outros dois ocupantes da
embarcação que afundou estão desaparecidos. A Marinha do Brasil e o
Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar) retomaram as buscas neste
domingo, 3.
Os pescadores tinham saído de Santos na quarta-feira, 27, no
barco Oldemar II, em direção ao sul. Quando já haviam navegado cerca de
60 km e estavam próximos da Queimada Grande, eles pegaram uma tempestade
e uma sequência de ondas altas fez com que o barco de 24 m de
comprimento virasse. Enquanto a embarcação afundava rapidamente, quatro
pescadores se lançaram ao mar e conseguiram nadar até a ilha. Os outros
dois não foram vistos pelo grupo. Conforme o relato dos sobreviventes,
sabendo da existência das cobras, eles permaneceram nas pedras do
costão, alimentando-se de bananas colhidas numa borda de mata e bebendo
água da chuva.
Três dias após o naufrágio, um operador de mergulho
que levava um grupo de oito turistas da capital avistou os náufragos no
costão da ilha, acenando com pedidos de ajuda. O instrutor de mergulho
Wanderley Aparecido Justi Junior, de 31 anos, coordenou a operação de
resgate. Um a um, os homens foram pulando na água e sendo recolhidos ao
barco dos mergulhadores. Foram salvos os pescadores Elenilson Nascimento
da Silva, de 32 anos, Ivan Bezerra da Silva, 38, Manoel Câmara, 32, e
Iranildo Cardial, de 50. Os dois desaparecidos têm 38 e 60 anos.
O
barco dos mergulhadores levou os náufragos à orla de Itanhaém.
Ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) levaram
os sobreviventes a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município.
Eles foram atendidos e receberam alta. Como o barco de pesca costuma
ficar uma semana no mar, os serviços de salvamento só foram acionados
depois de os náufragos terem sido localizados. O Grupamento de Bombeiros
Marítimo (GBMar) e a Capitania dos Portos de São Paulo da Marinha do
Brasil mobilizaram equipes para as buscas dos dois pescadores
desaparecidos. Um inquérito vai apurar as causas e eventuais
responsabilidades pelo naufrágio.
Desde 1984, a Ilha da Queimada Grande é considerada Área de Relevante
Interesse Ecológico (Arie), unidade de conservação federal administrada
pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Desabitada, a ilha tem acesso restrito a funcionários do instituto e
cientistas autorizados pela instituição. É considerado um dos piores
lugares do mundo para visitação, por causa da ausência de praias, já que
todo o entorno é dominado por costões, e à presença da jararaca-ilhoa (Bothrops insularis)
que, por se alimentar principalmente de aves, aprendeu a subir em
árvores. É considerado um dos maiores serpentários naturais do mundo,
com cerca de 2,5 mil cobras.
Brasil ao Minuto com informações do Estadão Conteúdo
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