Ministro Sergio Moro decide afastar Ilona Szabó do Conselho de políticas criminais
Cientista política, Ilona é mestre em estudos de conflito e paz e especialista em redução da violência. Nomeação gerou críticas entre apoiadores de Bolsonaro.
O Ministério
da Justiça divulgou uma nota nesta quinta-feira (28) na qual informou
que o ministro Sérgio Moro decidiu revogar a nomeação de Ilona Szabó
para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
Na nota, o ministério informou que a revogação foi provocada por “repercussão negativa em alguns segmentos” da sociedade (leia a íntegra ao final desta reportagem).
Como
noticiou o jornal “O Globo”, a nomeação de Ilona para o conselho, como
suplente, fez com que Moro fosse criticado por apoiadores do presidente
Jair Bolsonaro nas redes sociais.
Cientista
política, Ilona Szabó tem mestrado em estudos de conflito e paz pela
Universidade de Uppsala (Suécia) e é especialista em redução da
violência e política de drogas.
Fundadora
do Instituto Igarapé, que se dedica a estudar e a elaborar propostas de
políticas públicas para a redução da violência, Ilona Szabó atuou na
ONG Viva Rio e foi uma das coordenadoras da campanha nacional de
desarmamento.
Diante
da decisão de Moro, o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, enviou um ofício ao ministro
da Justiça pedindo para ser exonerado de um outro conselho, também
vinculado à pasta.
“Escrevo
para, em caráter irrevogável e em solidariedade à cientista política
Ilona Szabó de Carvalho, que foi colocada em uma situação constrangedora
no episódio da nomeação e posterior revogação da mesma para uma vaga no
CNPCP, fruto da pressão de grupos nas redes sociais, pedir pública e
respeitosamente minha exoneração da vaga que ocupo no Conselho Nacional
de Segurança Pública e Defesa Social”, escreveu.
Decreto sobre armas
Ilona Szabó se posicionou publicamente contra o decreto do presidente Jair Bolsonaro que flexibilizou a posse de armas no país.
Em
um artigo publicado no jornal “Folha de S.Paulo”, a especialista em
segurança pública fez críticas ao decreto ao afirmar que “incentivar que
mais civis se armem não irá melhorar a segurança pública”.
“Expandir
o acesso e a disponibilidade de armas de fogo no país mais homicida do
mundo e relaxar ainda mais os fracos controles existentes equivale a
jogar mais lenha na fogueira”, defendeu no artigo.
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O ministro da Justiça, Sérgio Moro — Foto: Isaac Amorim/MJSP
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'Vozes plurais'
Mais
cedo, nesta quinta, Sergio Moro concedeu uma entrevista a uma rádio e,
ao comentar a nomeação de Ilona, disse que avaliava ser necessário ter
“vozes plurais” no conselho.
Acrescentou,
ainda, que Ilona é uma pessoa conhecida e o instituto fundado por ela
tem “boas práticas” na área de segurança pública.
“Ela
foi nomeada pra um conselho construtivo. Eu acho que há um exagero
dentro das redes sociais em relação a esse tema. Mas estamos avaliando a
questão”, acrescentou o ministro na entrevista.
Conselho
O
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária é composto por
integrantes do governo e da sociedade civil e é subordinado ao
Ministério da Justiça. Entre as finalidades do órgão, estão:
- propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção do delito, administração da Justiça Criminal e execução das penas e das medidas de segurança;
- contribuir na elaboração de planos nacionais de desenvolvimento, sugerindo metas e prioridades da política criminal e penitenciária;
- estabelecer os critérios e prioridades para aplicação dos recursos do Fundo Penitenciário Nacional.
O
conselho também é responsável pela elaboração do texto do indulto de
Natal (que passa pelo ministro da Justiça e pelo presidente da
República).
É
composto por 26 membros (13 titulares e 13 suplentes), indicados pelo
ministro da Justiça. São professores e profissionais de direito penal,
processual penal, penitenciário, e representantes de comunidades e
entidades de segurança.
Íntegra
Leia a íntegra da nota do ministério:
Brasília,
28/02/2019 – O Ministério da Justiça e Segurança Pública nomeou Ilona
Szabó, do Instituto Igarapé, como um dos vinte e seis componentes do
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), órgão
consultivo do Ministério. A escolha foi motivada pelos relevantes
conhecimentos da nomeada na área de segurança pública e igualmente pela
notoriedade e qualidade dos serviços prestados pelo Instituto Igarapé.
Diante da repercussão negativa em alguns segmentos, optou-se por revogar
a nomeação, o que foi previamente comunicado à nomeada e a quem o
Ministério respeitosamente apresenta escusas.
Assessoria de Comunicação do Ministério da Justiça e Segurança Pública
Fonte: g1.globo.com
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