Bancário de 41 anos descobre traição da mulher com padre da igreja que frequentavam e tira a própria vida
Caso aconteceu em Goiânia (GO). Além de pároco, o sacerdote era professor de Filosofia da PUC Goiás e foi afastado da igreja

Goiânia (GO) – Vizinhos da Paróquia Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos (foto em destaque),
no Setor Sudoeste de Goiânia, comentam com sussurros o caso que levou
um dos fiéis a tirar a própria vida no último domingo de
fevereiro (24). Pouco antes, ele descobriu que a esposa estava tendo um
romance com o padre da igreja que o casal frequentava e denunciou o caso
em seu perfil no Facebook.
Veja:
Segundo o irmão de Pedro, Júnior
Batista, 40, o bancário descobriu o caso pouco mais de um mês antes de
morrer. “Ele foi ficando alegre e triste. No domingo, fizemos um
churrasco na casa dele. Estava apreensivo porque a igreja apenas
suspendeu o padre e não o expulsou”, contou.
Júnior, que viu o relato de Pedro logo
após a postagem na rede social (veja acima), correu para a casa do
irmão, mas já era tarde. “Tentei fazer massagem [de reanimação]. Vi meu
irmão morrendo, por isso cobro que o responsável pela morte seja expulso
da igreja”, desabafa.
Acusação pública
Ao publicar no Facebook, horas antes da tragédia, que a mulher tinha um caso amoroso com o clérigo, Pedro, conhecido como Pedrão, despertou a atenção e a curiosidade dos paroquianos. A história se espalhou e foi agregando fofocas e invencionices. Uma delas de que o filho de 7 anos não seria de Pedro. Júnior, no entanto, desmente. “Um exame de DNA concluiu que meu irmão é o pai”, assegurou.
Ao publicar no Facebook, horas antes da tragédia, que a mulher tinha um caso amoroso com o clérigo, Pedro, conhecido como Pedrão, despertou a atenção e a curiosidade dos paroquianos. A história se espalhou e foi agregando fofocas e invencionices. Uma delas de que o filho de 7 anos não seria de Pedro. Júnior, no entanto, desmente. “Um exame de DNA concluiu que meu irmão é o pai”, assegurou.
A mulher, que era secretária do padre no
turno da manhã desde que o religioso foi designado pela Arquidiocese de
Goiânia para a paróquia, há quatro anos, não foi encontrada pela
reportagem.
O padre é considerado “exemplar”,
“atencioso” e “inteligente” pelos fiéis, mas, no texto de Pedro, ganha
outros adjetivos: “canalha”, “traidor” e “maquiavélico”.
No relato, Pedro revelou que ele e Mara
procuraram o sacerdote para tentar salvar o casamento, que estava em
crise. “[…] a pessoa que devia salvar uma crise no meu casamento, usou
da sua inteligência maquiavélica para iludir e seduzir minha esposa, num
evento religioso, a festa da padroeira, em maio de 2018 […]”, escreveu.
Ainda segundo o desabafo, o sacerdote teria ido, com a esposa de Pedro, para Correntina (BA), em uma espécie de “lua de mel”.
“Temente a Deus”
Secretária, Mara ficava em uma sala no térreo do prédio de dois andares da igreja. Era vista, pelo menos pelos frequentadores que falaram com a reportagem, como uma “boa mãe”, “atenciosa” e “temente a Deus”.
Secretária, Mara ficava em uma sala no térreo do prédio de dois andares da igreja. Era vista, pelo menos pelos frequentadores que falaram com a reportagem, como uma “boa mãe”, “atenciosa” e “temente a Deus”.
O padre morava no andar de cima, com a
mãe. Do lado de fora da paróquia, ainda hoje é possível ver uma cortina
azul na janela de onde, quando em vez, o padre aparecia para espiar o
céu e a rua, conforme relatos de frequentadores.
O prédio é quase um labirinto de salas e
corredores mal iluminados, com santos, velas apagadas e quadros com
imagens de Jesus Cristo. No altar da igreja, há um mosaico de barro com
várias feições do messias. Na maioria, Cristo parece olhar de soslaio,
para baixo, entristecido – como em uma escultura maior no centro da
tela, que parece espiar um crucifixo abandonado ao lado de uma lata de
refrigerante em cima do segundo banco à esquerda.
Para a reportagem, apenas um fiel da
igreja quis comentar o assunto sem resguardar a sua identidade. Geraldo
Rodrigues, de 64 anos, viu a transmutação da pequena capela, feita de
taipa e folhas de bananeira, na atual paróquia, frequentada por centenas
de pessoas.
Quando soube que jornalistas
queriam entender a trágica histórica do bancário, da mulher e do padre,
tratou de apontar e sentenciar um culpado. “Olha, o diabo faz isso. É
coisa da carne”, acusou ele, dentro da oficina que funciona na garagem
da casa, situada a quatro quadras da igreja.
Negro, barba por fazer, calvo, com o
pouco que lhe resta de cabelo mais branco do que preto, barrigudo e com
pouco mais de 1,60 m de altura, o mecânico teceu elogios ao padre. Para
Geraldo Rodrigues, o religioso não demonstrava nada que o desabonasse
diante da comunidade católica e não católica. “Era um homem que prezava a
liturgia. Ele dizia que tinha ideia para escrever um livro”, contou.
Foi na oficina de Rodrigues que, durante
meses, ficou estacionado um fusca do padre para reforma. “Ele era muito
simples, não tinha luxo nenhum”, lembra o mecânico, que
prefere atribuir as responsabilidades à natureza da espécie: “Não vou
culpar nem ele nem ela. Errar é humano”.
Igreja sabia
Sob anonimato, dois fiéis disseram que a igreja – ou seja, os superiores do padre – já sabia do ocorrido antes do suicídio do bancário Pedro, mas manteve sigilo. Apenas no dia 14 de fevereiro, o arcebispo dom Washington Cruz optou pela “suspensão preventiva canônica total do uso de ordens do padre Antônio Rocha de Souza”.
Sob anonimato, dois fiéis disseram que a igreja – ou seja, os superiores do padre – já sabia do ocorrido antes do suicídio do bancário Pedro, mas manteve sigilo. Apenas no dia 14 de fevereiro, o arcebispo dom Washington Cruz optou pela “suspensão preventiva canônica total do uso de ordens do padre Antônio Rocha de Souza”.
A instituição religiosa não soube
responder se Pedro foi acompanhado por um profissional de psicologia
quando a história veio à tona. Em nota enviada ao Metrópoles,
a Arquidiocese de Goiânia informou que, em janeiro de 2019, recebeu do
padre “a solicitação de afastamento de suas atividades como
administrador da Paróquia Auxílio dos Cristãos, por motivo pessoal.” Um
novo sacerdote foi colocado em seu lugar.
A nota não revelou se deu o afastamento.
Contudo, afirma que, “enquanto isso, surgiram algumas denúncias contra o
Pe. Antônio Rocha de Souza, fato que levou a Arquidiocese a suspender
preventivamente o referido sacerdote de suas atividades sacerdotais para
melhor investigar tais alegações (cf. Decreto nº 5/2019)”.
Em um segundo e-mail, a reportagem quis
saber se a família de Pedro, inclusive o filho, tem recebido algum
acompanhamento por parte da igreja. “As famílias estão sendo assistidas
por um padre, atual responsável pela Paróquia Auxílio dos Cristãos”,
respondeu a arquidiocese.
Nomeado desde 1º de fevereiro pelo
arcebispo dom Washington Cruz para ser o novo pároco da congregação, o
padre Rodrigo de Castro Ferreira não foi encontrado pela reportagem.
A Pontifícia Universidade Católica de Goiás ainda não se pronunciou sobre o caso.
Por telefone, a assessoria de
comunicação da Polícia Civil de Goiás afirmou que a ocorrência da morte
de Pedro Nélio Batista foi registrada na 20ª DP de Goiânia como
suicídio.
Fonte: www.metropoles.com
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