Pautas polêmicas vão dominar julgamentos do Supremo Tribunal Federal este ano
Assuntos vão desde a criminalização da homofobia, passando pelo aborto e chegando à prisão em segunda instância

© José Cruz/Agência Brasil
O Supremo Tribunal Federal
(STF) abriu os trabalhos do ano de 2019 na última sexta-feira (1º). Com a
presença de diversas autoridades dos três poderes, a cerimônia foi
conduzida pelo presidente da Corte, ministro Dias Toffoli.
No discurso, ele deu o tom do Tribunal para o ano. "Precisamos
demonstrar unidade e colegialidade, em que pesem as divergências
naturais de um colegiado, até necessárias. As ideias se discutem para o
fim de uma resolução que seja a mais adequada, a mais correta e a mais
justa, próprias que são da pluralidade e da democracia", afirmou.
Na
pauta de julgamento do Supremo, conforme agenda divulgada pela própria
Corte, ainda no ano passado, estão temas considerados polêmicos. Confira
alguns deles:
Homofobia
Entre os processos que tiveram julgamento marcado, está a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) na qual o PPS pede ao Supremo que declare o Congresso omisso por ainda não ter votado o projeto que criminaliza a homofobia. A data será 13 de fevereiro. As informações são da Agência Brasil.
Entre os processos que tiveram julgamento marcado, está a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) na qual o PPS pede ao Supremo que declare o Congresso omisso por ainda não ter votado o projeto que criminaliza a homofobia. A data será 13 de fevereiro. As informações são da Agência Brasil.
Numa
outra ação que será analisada em conjunto, um mandado de injunção, a
Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT), busca
que o STF declare ser um crime específico de homofobia e transfobia
ofensas, agressões, discriminações e homicídios contra a comunidade
LGBT. Os relatores desses processos são Celso de Mello e Edson Fachin.
Apreensão de jovens que tenham cometido infração
Uma
ação do PSL, o partido do presidente Jair Bolsonaro, deseja retirar
artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e facilitar a
apreensão de jovens que tenham cometido infração. A ação data de 2005 e
deve ser julgada em 13 de março. O partido pede que seja retirada a
parte do ECA que criminaliza a apreensão de criança ou adolescente sem
ordem judicial. Hoje, eles só podem ser apreendidos em "situação de
flagrante delito".
O PSL diz que os artigos ofendem cláusulas
pétreas da Constituição e que, frequentemente, "crianças praticam
sucessivos atos infracionais graves, são apreendidas e encaminhadas
dezenas de vezes aos Conselhos Tutelares". Apesar disso, afirma o
partido, "o Estatuto não prevê uma advertência, situação que não existe
em lugar nenhum do mundo". A ação está sob responsabilidade de Gilmar
Mendes.
Segunda instância
Para
10 de abril, foi marcada a análise das três ações declaratórias de
constitucionalidade (ADCs) que tratam do cumprimento imediato de pena
após a confirmação de condenação em julgamento pela segunda instância da
Justiça. O relator é o ministro Marco Aurélio Mello, que já cobrou
diversas vezes o debate em plenário.
O tema pode ter impacto sobre
a situação de milhares de presos pelo país, entre eles o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, encarcerado desde 7 de abril na
Superintendência da Polícia Federal no Paraná, após ter sua condenação
por corrupção e lavagem de dinheiro confirmada pelo Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF4).
O entendimento atual do Supremo
permite a prisão após condenação em segunda instância, mesmo que ainda
seja possível recorrer a instâncias superiores, mas essa compreensão foi
estabelecida em 2016 de modo liminar (provisório), com apertado placar
de 6 a 5. Na ocasião, foi modificada jurisprudência em contrário que
vinha desde 2009.
É possível que o quadro mude, uma vez que houve a
substituição de um integrante do STF – Alexandre de Moraes entrou no
lugar de Teori Zavascki – e porque alguns ministros já declararam ter
mudado de posição, como Gilmar Mendes, por exemplo.
O plenário do
STF nunca chegou a decidir em definitivo, numa ação de controle
constitucional, sobre o mérito da questão. O assunto é polêmico no meio
jurídico, sendo alvo de questionamento, por exemplo, da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB).
Para a entidade representativa dos
advogados, a prisão em segunda instância não poderia ocorrer por entrar
em conflito com a presunção de inocência, que deveria durar até o
trânsito em julgado das ações penais – quando não é mais possível
recorrer a instâncias superiores.
Aborto e aplicativos de transporte
Em
22 de maio, a possibilidade de mulheres infectadas pelo vírus da zika
terem o direito ao aborto entra em pauta. Hoje, o aborto é permitido em
caso de estupro ou com a comprovação de que o bebê tem anencefalia. A
ação é da Associação Nacional de Defensores Públicos (Anadep) e é
relatada pela ministra Cármen Lúcia.
Em 30 de maio, o STF retoma
julgamento sobre a possibilidade de proibição o uso de carros
particulares para o transporte remunerado individual de pessoas. A
decisão tem impacto direto em empresas de aplicativos de transportes. A
ação está sob responsabilidade de Luís Roberto Barroso.
Descriminalização de usuário
No
dia 5 de junho está marcado o julgamento da descriminalização de
usuário de drogas. O processo, um recurso especial com repercussão geral
para todos os casos correlatos em tramitação na Justiça, coloca em
discussão a constitucionalidade do Artigo 28 da Lei das Drogas
(11.343/2006), que prevê penas para quem “adquirir, guardar, tiver em
depósito, transportar ou trouxer consigo” drogas ilegais para consumo
pessoal.
O assunto chegou a ser discutido em plenário, mas o
julgamento encontra-se interrompido há mais de dois anos devido a um
pedido de vista do ministro Teori Zavascki, antecessor de Alexandre de
Moraes, que acabou herdando o processo.
O placar atual é 3 votos a 0 a favor da descriminalização do porte de
drogas para consumo pessoal. Votaram até agora pela descriminalização o
relator, Gilmar Mendes, e os ministros Edson Fachin e Luís Roberto
Barroso, único a propor uma quantidade máxima de 25 gramas para o porte
de maconha, especificamente.
Notícias ao Minuto
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