Ex-governador Sérgio Cabral confessa pela primeira vez que recebeu propina em seu governo
‘Agir como corrupto, isso eu nunca agi. Existiu, sim. Existiu, sim, e ganhou propina. Propina direta e indireta, e muito dinheiro’, declarou ex-governador
Rio – Pela primeira vez,
Sérgio Cabral admitiu em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF)
que recebeu propinas em obras, contratos com empresas e negociações
durante sua gestão no governo do estado. O ex-governador falou de
valores ilícitos supostamente pagos durante a reforma do Maracanã,
desapropriação do Porto do Açu, Linha 4 do Metrô, entre outros
episódios, segundo reportagem da GloboNews.
“Eu errei ao obter recurso
de maneira incorreta, ilegal, em nome das campanhas eleitorais que
liderei, e que usei esses recursos. O que não fiz foi pedir propina.
Agir como corrupto, isso eu nunca agi. Existiu, sim. Existiu, sim, e
ganhou propina. Propina direta e indireta, e muito dinheiro”, revelou
Cabral, em depoimento de quase três horas gravado em vídeo.
O ex-governador não fez
delação premiada, ele é tratado pelos procuradores como réu confesso.
Segundo a reportagem, Cabral procurou o MPF, no último dia 21 de
fevereiro para anunciar que falaria pela primeira vez sobre o
recebimento de propinas.
No depoimento, Cabral
apontou Régis Fichtner, chefe da Casa Civil na sua gestão, como o
coordenador dos esquemas de recebimento de propina. O homem foi preso na
Operação Lava Jato pela segunda vez no dia 15 de fevereiro.
O ex-governador declarou
que pagava uma mensalidade para Fichtner em torno de R$ 100 a 150 mil
reais, com o dinheiro recebido da propina em seu governo.
O ex-secretário, segundo ele, recebia propina não só em obras, como
também nas concessões feitas pelo estado.
“Tudo comandado pelo
Régis. Eu dava na mão dele. Dizia: eu quero assim, faz assim, ele ia
fazendo, coordenando e tirando os próprios proveitos dele. Eu tirava os
meus proveitos dos meus combinados, eu quero x% da obra, 2%, 3% da obra e
o Régis fazia um acordo, se beneficiava também dessa caixa. E se
beneficiava…que não me abria isso, tudo eu vinha a descobrir depois.”
Fichtner, que foi
secretário de 2007 a 2014, foi preso pela primeira vez em novembro de
2017, na Operação C’est fini (é o fim, em francês). Na ocasião, ele
ficou apenas uma semana na cadeia acusado de receber propina no valor de
R$ 1,5 milhão, em pagamentos feitos até mesmo dentro do Palácio
Guanabara, sede do governo estadual.
Para o Ministério Público
Federal (MPF), o ex-secretário tinha relacionamento bastante próximo a
Cabral, ocupando cargo estratégico na administração estadual, a partir
do qual pode ter efetuado diversas manobras em favor dos demais membros
da organização criminosa, bem como dos corruptores.
À GloboNews, a defesa de Fichtner negou as acusações feitas pelo ex-governador.

Fonte: odia.ig.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário