Vaticano confirma existência de diretriz secreta para padres que quebraram voto do celibato
No dispositivo, a igreja pressiona os religiosos a priorizar o bem-estar da criança e a deixar o sacerdócio

© REUTERS / Vatican Media (Foto de arquivo)
O Vaticano confirmou nesta
segunda-feira (18) que tem um documento interno com orientações sobre
como lidar com padres que quebraram o voto do celibato e tiveram filhos,
afirmou o The New York Times.
No dispositivo, a igreja pressiona os religiosos a priorizar o bem-estar da criança e a deixar o sacerdócio.
Segundo o Times, é a primeira vez que a igreja confirma a existência de tal documento.
"Posso
confirmar que essas diretrizes existem", disse o porta-voz do Vaticano,
Alessandro Gisotti, em resposta a um questionamento do The New York
Times. "Trata-se de um documento interno."
A revelação ocorre às
vésperas de encontro da cúpula da Igreja Católica no Vaticano sobre
abusos sexuais cometidos por clérigos e religiosos.
Também
estarão lá ativistas, vítimas de abuso do clero e também filhos de
padres. Um deles é Vincent Doyle, um psicoterapeuta de Irlanda que
descobriu que seu pai biológico é, na verdade, o padre que lhe foi
apresentado pela mãe como padrinho, informou o Times.
"Este será o próximo escândalo", afirmou Doyle ao jornal. "Há crianças por toda parte."
Doyle
criou uma rede para ajudar outras pessoas que, como ele, sofriam com a
vergonha de ser fruto de um relacionamento que poderia levar a um
escândalo na igreja.
Não há estimativas de quantas sejam essas
crianças. Mas, segundo Doyle, há 50 mil usuários de 175 países
registrados em seu grupo, o Coping International.
Porém, quando
ele pressionou bispos para reconhecer a paternidade, ele descobriu que
não estava sozinho quando soube da existência do documento.
Doyle
afirma que viu as diretrizes pela primeira vez em 2017, pelas mãos do
arcebispo Ivan Jurkovic, enviado do Vaticano para as Nações Unidas, em
Genebra.
"Vocês
são chamados de 'filhos dos ordenados'", disse Jurkovic, segundo Doyle.
"Fiquei chocado de saber que eles tinham um termo para isso."
Jurkovic não quis dar entrevista ao jornal The New York Times.
Notícias ao Minuto com informações da Folhapress
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