Lenda dos palcos, atriz e cantora Bibi Ferreira morre em casa aos 96 anos de idade
Atriz estava em casa, no Flamengo, com uma enfermeira

© Divulgação
NELSON DE SÁ - A cantora e
atriz Bibi Ferreira morreu nesta quarta-feira (13), em casa, no Rio de
Janeiro, após sofrer uma parada cardíaca, aos 96 anos.
No início de 2013, apresentando o espetáculo "Histórias e
Canções" em temporada popular no teatro Carlos Gomes, na praça
Tiradentes, no Rio, Bibi Ferreira começou a tossir no meio de um quadro e
depois, recuperada, explicou: "É alergia. Sou alérgica a teatro".
A
plateia lotada riu muito. Então com 90 anos, a atriz, reza a lenda
teatral, havia estreado no palco ainda bebê, aos 24 dias, na peça "Manhã
de Sol", da companhia em que trabalhava seu pai, o lendário ator
Procópio Ferreira (1898-1979).
Ela
teria entrado no lugar de uma boneca, de última hora, levada no colo
pela atriz Abigal Maia, dona da companhia, mulher do dramaturgo Oduvaldo
Viana e sua madrinha. O nome de Bibi, nascida em junho de 1922 no Rio,
era Abigail Izquierdo Ferreira.
Izquierdo veio da mãe, a espanhola
Aída Izquierdo, corista de teatro de revista. Até os 18, quando estreou
oficialmente como atriz ao lado do pai, Bibi cantou e dançou
esporadicamente, levada por Aída, pela América Latina e no Rio, nos
palcos e num filme.Seu primeiro personagem propriamente teatral foi
Mirandolina, de "La Locandiera", de Goldoni, em 1941. Três anos depois,
com o teatro brasileiro em fase de modernização, já tinha sua própria
companhia, por onde passaram iniciantes como Cacilda Becker.
No
final dos anos 1940, depois de um período de estudos na prestigiosa
Royal Academy of Dramatic Art, em Londres, estreou também como diretora,
o que faria ao longo da carreira, montando de brasileiros como Nelson
Rodrigues a clássicos.
Uma peça em que trabalhou como atriz e para
a qual retornou depois como diretora, em seguidas remontagens que
lembravam o maior sucesso de Procópio, que ela sempre tratou
carinhosamente como "papai", foi "Deus lhe Pague", de Joracy Camargo.
Defensora
do teatro como ofício, a exigir dedicação e técnica, Bibi se orgulhava
da voz, que lhe permitia ser ouvida por toda a sala, sem microfone, nos
maiores teatros. Os espetáculos que mais marcaram a sua trajetória foram
todos musicais.
Ela passou a priorizar o gênero na década de
1960. Um dos espetáculos que trouxe de Nova York foi "My Fair Lady", em
1964, junto com Paulo Autran, ator que voltaria a dividir o palco com
ela no musical "O Homem de La Mancha", de 1972.
Seu maior
personagem, Edith Piaf, nasceu de outra peça da Broadway, que acabou se
concentrando nas canções, na adaptação dirigida por Flávio Rangel.
Estreou em 1983 e ficou sete temporadas em cartaz, voltando em cenas
pontuais de outros espetáculos.
Mas é um musical criado em 1975
por Chico Buarque e Paulo Pontes, então seu marido, que ela recordava
com mais carinho -a ponto de considerar "Gota D'Água", adaptação de
"Medeia" para uma comunidade carioca, "a maior obra da dramaturgia
nacional".
Em setembro de 2018, Bibi anunciou sua aposentadoria
dos palcos. Embora admiradora da Broadway, Bibi defendia com
persistência o teatro brasileiro. Um de seus últimos projetos, que não
conseguiu viabilizar, foi um espetáculo de revista com orquestra,
coristas e luxo, para uma geração que só conhece musical americano,
hoje.
Notícias ao Minuto com informações da Folhapress
Nenhum comentário:
Postar um comentário