Exército da Venezuela abre fogo contra opositores e mata 2 na fronteira com o Brasil
Outras 22 ficaram feridas perto da divisa entre os dois países

© Ricardo Moraes / Reuters
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) -
Militares venezuelanos abriram fogo contra um grupo de civis que
tentava manter aberto um trecho da fronteira da Venezuela com o Brasil
na manhã desta sexta-feira (22). Ao menos duas pessoas morreram e outras
22 ficaram feridas.
O ditador Nicolás Maduro ordenou o bloqueio da fronteira entre
os dois países na noite de quinta-feira (21), para impedir a entrada de
ajuda humanitária no país.
Segundo o jornal Washington Post, às
6h30 desta sexta, um comboio militar se aproximou de um ponto de
controle próximo a uma comunidade indígena na vila de Kumarakapai, perto
de uma das vias que ligam os dois países.
Quando um grupo de
pessoas tentou bloquear a passagem do comboio, soldados abriram fogo,
ferindo ao menos 22 pessoas ficaram feridas, segundo o jornal El
Nacional. Uma das vítimas é Zorayda Rodriguez, 42.
Pessoas que foram feridas na parte de cima do corpo foram levadas para Boa Vista, em Roraima, segundo o El Nacional.
Após
o ataque, ao menos 30 moradores dos arredores foram ao local
e sequestraram três funcionários do governo. Segundo Tamara Suju,
advogada e defensora dos Direitos Humanos, eles só serão liberados pelos
indígenas caso o ministro da Defesa da Venezuela, Padrino López, vá
buscá-los pessoalmente.
Os ativistas que fizeram o bloqueio
pertencem ao grupo indígena Pemones, que se uniu ao esforço da oposição
para ajudar a receber a ajuda humanitária enviada pelos EUA.
O
líder opositor Juan Guaidó, reconhecido por 50 países (incluindo o
Brasil) como presidente interino, se comprometeu a fazer chegar "de uma
forma ou de outra" a ajuda humanitária ao país a partir de diversos
pontos na fronteira, neste sábado (23).
O envio de ajuda para os
venezuelanos que sofrem com a crise econômica se tornou um foco de luta
de poder entre Maduro e Guaidó. O ditador teme que a entrega seja um
disfarce para facilitar uma intervenção estrangeira, e ordenou aos
militares que impeçam a entrada dos mantimentos, enquanto o opositor
pede ao Exército que libere a passagem dos carregamentos. As Forças
Armadas seguem leais a Maduro.
Os Estados Undos dizem que 'todas
as opções estão sobre a mesa' e, nos últimos dias, têm pressionado o
Brasil para que o país use força militar para entregar ajuda humanitária
à Venezuela.
A área de Defesa brasileira resiste à ideia por
temer que a situação escale para um conflito, e também vetou a sugestão
de que soldados americanos participassem da operação.
Nesta sexta,
a Rússia acusou os Estados Unidos de usar a ajuda humanitária enviada à
Venezuela como "um pretexto para uma ação militar" para derrubar o
presidente Nicolás Maduro.
"Há informações de que empresas
norte-americanas e aliados dos Estados Unidos na Otan estudam a compra
de uma importante quantidade de armas e munições de um país do leste da
Europa, com o objetivo de entregar-las para as forças de oposição da
Venezuela", disse Maria Zajarova, porta-voz da diplomacia russa.
A China também questionou a entrega de comida e remédios. "Se a
chamada ajuda humanitária chegar a ser enviada à força para a Venezuela,
poderá desencadear um conflito e provocar graves consequências",
disse Geng Shuang, porta-voz do ministério de Relações Exteriores da
China. "Isso é o que ninguém quer ver".
Notícias ao Minuto
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