Palocci diz para Gleisi Hoffmann e petistas: “Vão continuar fingindo que Lula é honesto?”
Esta semana, o ex-presidente Lula foi
condenado pela segunda vez na Operação Lava Jato. Desta vez, no caso do sítio de
Atibaia. A soma de penas impostas ao petista nas duas condenações,
incluindo a do triplex do Guarujá, somam 25 anos. Lula ainda é
réu em outras cinco ações penais e suas condenações podem ultrapassar
100 anos.
Logo que optou por delatar os esquemas
criminosos do ex-presidente Lula e de outros integrantes do PT, o
ex-ministro Antonio Palocci divulgou uma carta endereçada à presidente
nacional do PT, Gleisi Hoffmann, na qual questiona o cinismo dos
ex-companheiros:
“Até quando vamos fingir
acreditar na autoproclamação do 'homem mais honesto do país' enquanto os
presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto (!!)
são atribuídos a Dona Marisa?"
Desde então, Palocci vem se dedicando a
enterrar a seita de fanáticos que insistem na narrativa de que Lula é um
santo. Palocci tem autoridade para desmascarar petistas que ainda
insistem em defender o indefensável. Como fundador do PT, auxiliar
direto e administrador de negócios do ex-presidente Lula durante mais de
30 anos, Palocci é a única voz do partido que teve a coragem de demolir
a farsa sustentada por Lula e seus subordinados. E é exatamente isso
que Palocci faz em sua carta à Gleisi e ao partido. Acompanhe alguns
trechos abaixo:
"De qualquer forma, quero adiantar que,
sobre as informações prestadas (compra do prédio para o Instituto Lula,
doações da Odebrecht ao PT, ao Instituto e a Lula, reunião com Dilma e
Gabrielli sobre as sondas e a campanha de 2010, entre outros) são fatos
absolutamente verdadeiros. São situações que presenciei, acompanhei ou
coordenei, normalmente junto ou a pedido do ex-presidente Lula. Tenho
certeza que, cedo ou tarde, o próprio Lula irá confirmar tudo isso, como
chegou a fazer no 'mensalão', quando, numa importante entrevista
concedida na França, esclareceu que as eleições do Brasil eram todas
realizadas sob a égide do caixa dois, e que era assim com todos os
partidos. Naquela oportunidade ele parou por aí, mas hoje sabemos que é preciso avançar na abertura da caixa preta dos partidos e dos governos,
para o bem do futuro do país.
Ressalto que minha principal motivação nesse momento é que toda a verdade seja dita, sobre todos os personagens envolvidos.
Sob o ponto de vista político, estou
bastante tranquilo em relação a minha decisão. Falar a verdade é sempre
o melhor caminho. E, neste caso, não posso deixar de registrar a
evolução e o acúmulo de eventos de corrupção em nossos governos e,
principalmente, a partir do segundo governo Lula.
Vocês sabem que procurei ajudar no
projeto do PT e do presidente Lula em todos os momentos. Convivi com as
dificuldades e os avanços. Sabia o quanto seria difícil passar por
tantos desafios políticos sem qualquer desvio ético. Sei dos erros e
ilegalidades que cometi e assumo minhas responsabilidades. Mas não posso
deixar de destacar o choque de ter visto Lula sucumbir ao pior da
política no melhor dos momentos de seu governo. Com o pleno emprego
conquistado, com a aprovação do governo a níveis recordes, com o advento
da riqueza (e da maldição) do pré—sal, com a Copa do Mundo, com as
Olimpíadas, '0 cara', nas palavras de Barack Obama, dissociou-se
definitivamente do menino retirante para navegar no terreno pantanoso do
sucesso sem crítica, do 'tudo pode', do poder sem limites, onde a
corrupção, os desvios, as disfunções que se acumulam são apenas
detalhes, notas de rodapé no cenário entorpecido dos petrodólares que
pagarão a tudo e a todos.
Alguém já disse que quando a luta pelo
poder se sobrepõe a luta pelas ideias, a corrupção prevalece. Nada
importava, nem mesmo o erro de eleger e reeleger um mau governo, que
redobrou as apostas erradas, destruindo, uma a uma, cada conquista
social e cada um dos avanços econômicos tão custosamente alcançados,
sobrando poucas boas lembranças e desnudando toda uma rede de
sustentação corrupta e alheia aos interesses do cidadão. Nós, que
nascemos diferentes, que fizemos diferente, que sonhamos diferente,
acabamos por legar ao país algo tão igual ao pior dos costumes
políticos".
ANTONIO PALOCCI

Fonte: www.imprensaviva.com
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