Em meio à crise de 'laranjas', líder do PSL no Senado Federal propõe fim de fundo eleitoral
Projeto de lei foi apresentado pelo líder o partido no Senado, Major Olímpio (SP)

© Roque de Sá/Agência Senado
DANIEL CARVALHO - BRASÍLIA,
DF (FOLHAPRESS) - Na semana em que um ministro foi demitido e outro está
ameaçado de ter o mesmo fim por causa de um esquema de candidaturas de
laranjas do PSL, o líder o partido no Senado, Major Olímpio (SP),
apresentou um projeto de lei que propõe a extinção do fundo especial de
financiamento de campanha.
O fundo eleitoral, como é mais conhecido, foi usado para
abastecer as candidaturas sob suspeita. Atualmente, as campanhas
políticas são financiadas por recursos deste fundo, do fundo partidário e
de doações de pessoas físicas.
Ao justificar a proposta, Olímpio
argumenta que o fundo, criado em 2017, retira recursos que seriam
destinados a emendas parlamentares, dinheiro usado por deputados e
senadores para fazer obras em seus redutos eleitorais.
"Ora, não
nos parece razoável, nem moral que as verbas que seriam objetos de
emendas parlamentares que iriam ter como destinação a educação,
segurança pública e a saúde brasileira sejam utilizadas para o
financiamento de campanhas eleitorais", afirmou no projeto.
"Desde
a época que foi aprovado este fundo, eu, já nos debates, me posicionei
contrário, votei contrário ao fundo. Resolvi materializar no projeto.
Não consultei a direção nacional do partido nem as pessoas do partido. É
um iniciativa minha", disse o senador à reportagem.
No entanto, Olímpio admite que "o momento está propício" para discutir o tema.
"Nos
casos que estão aí manifestos em inúmeros partidos, está cada vez mais
clara a falta de critérios na própria lei e ainda a imoralidade de usar
recurso público, no caso, R$ 1,750 bilhão [total de recursos do fundo]. A
lei é absolutamente aberta, a distribuição é feita ao bel prazer do
dirigente partidário", afirmou Olímpio, que também é presidente do PSL
em São Paulo.
Na segunda-feira (18), o então ministro da
Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, caiu
após uma crise instalada no Palácio do Planalto com a revelação pela
Folha da existência de um esquema de candidaturas de laranjas do PSL
para desviar verba pública eleitoral.
O partido foi presidido por
ele durante as eleições de 2018, em campanha presidencial de Jair
Bolsonaro marcada por um discurso de ética e de combate à corrupção.
Além
disso, integrantes do governo dizem acreditar na queda do ministro do
Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Reportagem da Folha revelou, em 4 de
fevereiro, que o ministro do Turismo, deputado federal mais votado em
Minas Gerais, patrocinou um esquema de quatro candidaturas de laranjas,
todas abastecidas com verba pública do PSL, partido de Bolsonaro.
Nesta
quinta-feira (21), o ministro do Turismo recorreu ao foro especial e
pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a investigação sobre
candidatas-laranjas do PSL aberta em Minas Gerais passe a tramitar
perante a corte. O ministro é alvo direto da apuração da Promotoria
mineira.
O senador disse que a legislação atual tem brechas que permitem que os recursos eleitorais abasteçam candidaturas de laranjas.
"Você pode falar 'é lógico que era uma candidatura [de] laranja'. O
recurso teve a destinação, foi utilizado, mas, na verdade, estava ali um
guarda-chuva para a campanha dos marmanjos."
Política ao Minuto
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