Médium João de Deus diz em depoimento 'não se lembrar' de mulheres que o acusam
Ele também negou que tenha praticado qualquer tipo de crime durante seus atendimentos espirituais

© REUTERS/Adriano Machado
O médium João Teixeira de
Faria, o João de Deus, 76, prestou seu primeiro depoimento ao Ministério
Público na manhã desta quarta-feira (26), em Goiás e alegou "não se
lembrar" das mulheres que o acusam de abuso sexual.
Ele também negou que tenha praticado qualquer tipo de crime
durante seus atendimentos espirituais, de acordo com informações de Alex
Neder, um dos advogados que fazem a defesa do médium.
"Ele
respondeu a todas perguntas dos promotores. Negou peremptoriamente que
tenha cometido qualquer tipo de abuso sexual. Ele sempre fez
atendimentos acompanhado de várias pessoas ", disse Neder.
João de
Deus está preso preventivamente (sem data para soltura) desde 18 de
dezembro, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia sob suspeita de
cometer crimes sexuais contra pessoas que procuravam tratamento
espiritual.
O
médium chegou ao Ministério Público por volta das 10h sob forte escolta
policial. Os promotores receberam centenas de denúncias por email de
pessoas que se dizem vítimas de crimes cometidos por João de Deus.
Desses casos, 77 foram ouvidos pela força-tarefa que integra também
agentes da Polícia Civil.
O advogado afirma que João de Deus "está
muito debilitado" por causa de sua condição de saúde (ele é cardiopata)
e que não recebe atendimento médico no presídio.
Ainda nesta
quarta-feira, policiais do Deic (Delegacia Estadual de Investigações
Criminais) devem ouvir a mulher de João de Deus, Ana Keyla Teixeira, em
Goiás.
O médium nega as acusações de abuso sexual e, em depoimento
à polícia ao ser preso, disse que atendimentos individuais numa sala
reservada só ocorriam a pedido das próprias mulheres, e não a seu
critério.
Em duas operações da polícia com o Ministério Público,
na semana passada, a força-tarefa apreendeu R$ 1,6 milhão em espécie,
armas, medicamentos em endereços ligados a João de Deus. Em razão das
armas sem registro, foi expedido um segundo mandado de prisão.
O
advogado de João de Deus, Alberto Toron, nega que o dinheiro apreendido
seja ilícito. Segundo ele, a quantia era guardada em cofres por medo de
assaltos.
Sobre essa investigação, testemunhas estão sendo
ouvidas e o médium não deve prestar depoimento esta semana, segundo
informou a Polícia Civil.
A polícia concluiu a primeira
investigação e indiciou o médium sob suspeita de violação sexual
mediante fraude em 20 de dezembro. Isso significa que ela considera que
os indícios são suficientes para que o suspeito seja denunciado
criminalmente pelo Ministério Público.
Essa investigação tratou,
especificamente, da denúncia de uma mulher de 39 anos que contou ter
sido abusada em 24 de outubro deste ano.
IMÓVEIS E BENS ACUMULADOS
Na pequena Abadiânia, no interior de Goiás, João de Deus, tem uma lista longa não só de fiéis, mas também de propriedades.
Levantamento
da Folha de S.Paulo em cartórios do município tido como centro
espiritual do médium aponta 27 registros de imóveis em nome do "João
curador".
Destes, 23 estão na área urbana, totalizando 19.725 m², e
quatro na zona rural, com 703 hectares, equivalente a 985 campos de
futebol com as medidas do Itaquerão.
A
estimativa é que os imóveis, somados, valham cerca de R$ 20 milhões. O
valor foi calculado pela Folha de S.Paulo em consulta a corretores e
membros da prefeitura sobre o preço médio praticado na região. A
reportagem também buscou anúncios em endereços próximos de cada
propriedade.
O patrimônio do médium é um dos focos da investigação do Ministério
Público de Goiás devido à perspectiva de pagamento de indenizações às
supostas vítimas de violações.
Notícias ao Minuto com informações da Folhapress
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