Justiça Federal nega pedido do ex-presidente Lula para deixar prisão e ir a funeral de amigo
O ex-deputado federal Sigmaringa Seixas morreu nesta terça-feira (25)

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A Justiça Federal do Paraná
negou o pedido feito pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), na tarde desta terça-feira (25), para que o petista deixe a
prisão e compareça ao funeral do advogado e ex-deputado federal
Sigmaringa Seixas, que morreu também nesta terça.
No pedido encaminhado à Justiça Federal do Paraná, responsável
pela execução da pena de Lula, o advogado Manoel Caetano Ferreira Filho
diz que o ex-presidente era "amigo íntimo de Sigmaringa há mais de 30
anos" e informa que o velório e o sepultamento do advogado acontecerão
em Brasília nesta quarta-feira (26).
"A amizade entre o requerente
e o falecido era notória, sendo que ambos foram deputados na Assembleia
Constituinte, mantendo, na sequência, estreito relacionamento pessoal.
Ademais, Sigmaringa atuou como advogado do requerente nos presentes
autos", afirmou Ferreira Filho.
O pedido foi protocolado às 14h03.
Às 15h12, o juiz plantonista Vicente de Paula Ataíde Júnior negou a
solicitação, alegando que a proximidade alegada pela defesa não é
suficiente, por lei, para permitir a saída.
O
magistrado citou o artigo 120 da Lei de Execução Penal, segundo o qual
condenados que cumprem pena em regime fechado, como Lula, podem receber
permissão para sair da prisão em caso de "falecimento ou doença grave do
cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão".
LULA QUERIA SIGMARINGA EDERALNO SUPREMO TRIBUNAL F
Segundo
reportagem da revista Piauí de setembro de 2010, Sigmaringa foi
convidado por Lula em mais de uma ocasião para assumir uma vaga no STF
(Supremo Tribunal Federal), mas nunca quis virar ministro.
"Eu prefiro advogar", disse à revista. Após uma das recusas de Sigmaringa, Lula nomeou Dias Toffoli, hoje presidente do STF.
Em
março de 2016, conversas do advogado com o ex-presidente foram gravadas
pela Polícia Federal e divulgadas junto com dezenas de outras após
autorização do então juiz Sergio Moro hoje o futuro ministro da Justiça
do governo de Jair Bolsonaro (PSL).
Em um dos diálogos, de 7 de
março de 2016, Lula pediu ao advogado que conversasse com o então
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre as investigações das
quais era alvo.
ADVOGADO DE PRESOS POLÍTICOS E CONSTITUINTE
Segundo
o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, Sigmaringa Seixas "não
resistiu a um transplante de medula no Hospital Sírio-Libanês", em São
Paulo. Ele tinha 74 anos.
Luís Carlos Sigmaringa Seixas nasceu em
Niterói (RJ) no dia 7 de novembro de 1944. Na década de 1970, foi
advogado de presos políticos detidos pela ditadura militar (1964-1985),
segundo informações do CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de
História Contemporânea do Brasil) da FGV (Fundação Getulio Vargas). No
começo dos anos 80, criou o Comitê Brasileiro de Anistia.
O
advogado também participou da política partidária. Com o fim do
bipartidarismo em 1979, filiou-se ao PMDB. Em 1986, foi eleito deputado
federal constituinte.
Dois anos depois, deixou o partido para se
juntar ao recém-criado PSDB, legenda pela qual foi eleito para novo
mandato em 1990. Em 1992, integrou a CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) que investigou o envolvimento do então presidente Fernando
Collor com um esquema de corrupção comandado por PC Farias, que tinha
sido o tesoureiro da campanha presidencial. Sigmaringa também disputou o
Senado em 1994, sem sucesso.
Em 1997, Sigmaringa Seixas saiu do
PSDB e se filiou ao PT, partido pelo qual disputou as eleições de 1998
para o governo do Distrito Federal como vice na chapa de Cristovam
Buarque -a candidatura foi derrotada. Depois, exerceu mais um mandato
como deputado federal entre 2003 e 2007.
Diversos políticos, entre eles o presidente Michel Temer (MDB), lamentaram a morte do advogado.
"Lamento imensamente a morte do grande advogado e homem público,
Sigmaringa Seixas, um lutador pela democracia brasileira. Meus
sentimentos de pesar à familia e amigos", disse o presidente, via
Twitter.
Notícias ao Minuto com informações da Folhapress
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