Investigações não param no feriado de Natal nem de Ano Novo em caso do Médium João de Deus
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| Marcelo Camargo/Agência Brasil |
A
força-tarefa do Ministério Público (MP) de Goiás, que investiga as
denúncias de crimes sexuais envolvendo o médium João Teixeira de Farias,
o João de Deus, de 76 anos, não vai parar neste feriado de Natal nem de
Ano Novo. O grupo recebeu 596 relatos de mulheres que se dizem vítimas,
das quais 75 já foram ouvidas em Goiás e em outros estados.
Das
255 pessoas identificadas, 23 tinham entre 9 e 14 anos na ocasião dos
fatos, 28 entre 15 e 18 anos, e 70 com idade de 19 a 67 anos, segundo os
promotores que atuam na força tarefa. Eles citam pelo menos três casos,
cujos crimes envolvem estupro, violência sexual mediante fraude e
estupro de vulnerável.
Para os promotores, o médium se valia da fé
dos freqüentadores, do respeito que tinham por ele e da fragilidade das
pessoas, muitas vezes, com graves doenças, para tirar proveito da
situação.
João de Deus está preso preventivamente desde o dia 16,
no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia, a 18 quilômetros da
capital. A defesa já recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao
Supremo Tribunal Federal (STF), na tentativa de reverter a detenção
para prisão domiciliar com tornozeleira.
Interdição
A
Superintendência de Saúde em Vigilância de Goiás (Suvisa) fechou o
laboratório que funcionava na farmácia da Casa Dom Inácio de Loyola, em
Abadiânia. Segundo os técnicos, no local eram fabricados medicamentos em
escala industrial, sem autorização.
De acordo com informações da
força-tarefa, a interdição também menciona questões de manipulação
contrárias às normas sanitárias e más condições de acondicionamento de
instrumento cirúrgico. Houve autuação administrativa, cujo teor será
analisado pelos promotores para as devidas responsabilizações.
A
imprensa de Goiás informa sobre a existência de nove inquéritos já
instaurados contra João de Deus, dos 16 casos denunciados à Polícia
Civil até momento. Em um deles, já concluído, o médium foi indiciado por
violação sexual mediante fraude.
O delegado-geral que acompanha o
caso, André Fernandes, destacou que um grupo trabalha especificamente
para analisar as armas localizadas em uma das residências do médium.
Também há avaliação das pedras preciosas e do dinheiro encontrado,
inclusive em moeda estrangeira.
Busca e apreensão
Há
três dias, houve nova busca na casa de atendimento do médium, em
Abadiânia, para complementação do levantamento estrutural do
empreendimento, em operação que envolveu a Polícia Civil e a
Superintendência de Vigilância Sanitária.
A promotora de Justiça
Gabriella de Queiroz disse que foram apreendidos novos materiais, cuja
especificação será detalhada pela Polícia Civil ao término dos
trabalhos.
A força-tarefa do MP foi instituída pelo
procurador-geral de Justiça no dia 10 de dezembro e ampliada, tendo
agora como integrantes os coordenadores dos centros de Apoio Operacional
Criminal e de Direitos Humanos, Luciano Meireles e Patrícia Otoni; o
coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco), Thiago Galindo; e os promotores de Justiça Cristiane Marques,
Gabriella de Queiroz (membro do Gaeco), Paulo Penna Prado
(subcoordenador do Centro de Apoio Operacional – CAO Criminal) e Augusto
César Borges.
Agência Brasil

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