Ministério Público Federal em Patos, na Paraíba, denuncia 11 por lavagem de dinheiro e pede multa

O
Ministério Público Federal (MPF) em Patos (PB) encaminhou à Justiça
Federal nova denúncia contra 11 pessoas envolvidas na exploração ilegal
da turmalina paraíba no distrito de São José da Batalha, município de
Salgadinho (PB), a 170 km da capital João Pessoa. Dessa vez, a acusação
envolve lavagem de capitais, de forma reiterada e por meio de
organização criminosa, comércio clandestino de pedras preciosas, contas
bancárias usadas para lavagem de dinheiro, subfaturamento na exportação
de bens, dentre outras ilegalidades. O esquema criminoso foi
desarticulado durante a Operação Sete Chaves, deflagrada em 27 de maio
de 2015.
Os acusados são Sebastião Lourenço Ferreira, João
Salvador Martins Vieira, Ananda dos Santos Lourenço Ferreira, Rômulo
Pinto dos Santos, Juliano Lourenço, Thiago Lourenço, Ranieri Addario,
Ubiratan Batista de Almeida, Aldo Bezerra de Medeiros, Arthur Ramos e
José Miranda da Costa Júnior.
Na denúncia, oferecida em 1º de
março de 2018, o MPF pede que seja fixado o valor mínimo de R$ 60
milhões para reparação dos danos causados à União. Esse é o valor
estimado das turmalinas paraíba às quais foi dado destino desconhecido
no exterior. A denúncia também pede que seja decretada a perda de todos
os bens apreendidos durante a Operação Sete Chaves (pedras preciosas,
imóveis, automóveis) até o total de 60 milhões de dólares.
O MPF
ressalta que a intensidade do dolo dos acusados superou em muito as
condutas ilegais previstas no Código Penal, como se verifica em inúmeros
diálogos interceptados, nos quais “a soberba se evidenciou em ideias
que ‘a festa estaria somente começando’, ‘que estariam bem de vida até a
6ª geração’, ‘com lucros de até um bilhão de dólares’”.
Ao pedir o
endurecimento das penas, o Ministério Público argumenta que o crime foi
“perpetrado com modus operandi sofisticado destinado a ludibriar os
órgãos de controle, [acarretando] consequências, com valores altíssimos e
relevantes, que resultaram em prejuízo quase que irrecuperável para a
União”.
A denúncia foi feita com base nas provas obtidas durante a
deflagração da fase ostensiva da Operação Sete Chaves, as quais incluem
inúmeras notas fiscais, recibos de pedras preciosas, depósitos
bancários, correspondências, diversas planilhas, dentre vários outros
documentos. Além deles também houve interceptação telefônica e a
colaboração premiada de Ranieri Addário, sócio da empresa Parazul
Mineração Comércio e Exportação Ltda.
Na primeira denúncia
relacionada ao caso, oferecida em 11 de junho de 2015, sete dos 11
denunciados já haviam sido acusados pelos crimes de usurpação de
matéria-prima pertencente à União, exploração de minério sem licença
ambiental e por organização criminosa com emprego de arma de fogo e
tentáculos internacionais.
A operação desarticulou organização
criminosa que agia na extração ilegal e comercialização da turmalina
paraíba, uma das pedras preciosas mais valiosas do mundo. A turmalina
era retirada ilegalmente do distrito de São José da Batalha, no Cariri
paraibano, e enviada à cidade de Parelhas, no Rio Grande do Norte, onde
era “esquentada” com certificados de licença de exploração. De lá, as
pedras seguiam para Governador Valadares, em Minas Gerais, onde eram
lapidadas e enviadas para comercialização em mercados do exterior, como
Bangkok, Tailândia, Hong Kong, China, Houston e Las Vegas nos Estados
Unidos.
MaisPB
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