Deserto na Califórnia, nos Estados Unidos, vira cemitério de veículos da Volkswagen
A imagem não é miragem e pode ser vista no site Google Earth
© Reprodução/Twitter
No deserto californiano,
dezenas de aviões descansam em paz após o último pouso de suas carreiras
no aeroporto de logísticas de Victorville, cidade de 120 mil habitantes
a 140 km de Los Angeles. Desde 2017, milhares de automóveis se juntaram
ao "cemitério de aviões", formando um gigantesco estacionamento de
carros coloridos no meio do deserto de Mojave. A imagem não é miragem e
pode ser vista no site Google Earth.
A instalação é uma das 37 que a Volkswagen alugou nos EUA para
guardar os veículos a diesel que comprou de volta dos consumidores após
o escândalo da fraude nos testes de poluentes de 2015. Um assessor da
empresa que administra o terreno disse que o lote tem capacidade para 21
mil veículos.
Em 2015, a montadora admitiu uso de software ilegal
para trapacear nos testes de emissões nos EUA, afetando quase meio
milhão de carros. A Volks criou um programa de devolução dos veículos e
disse que 340 mil consumidores haviam demonstrado interesse. No fim de
2017, ainda gastava US$ 3 bilhões para consertar os motores.
"Esses
veículos estão sendo armazenados de maneira provisória e passam por
manutenção de rotina para garantir sua operacionalidade e qualidade a
longo prazo", informou a Volks dos EUA num comunicado à reportagem.
A
empresa também afirmou que os carros devem voltar ao comércio ou serem
exportados quando forem aprovadas as modificações de emissões. Veículos
que não podem ser modificados por causa da "idade ou condições ou outras
razões serão reciclados de forma responsável".
De acordo com
documentos judiciais, a montadora alemã já pagou mais de US$ 7 bilhões
na recompra de cerca de 350 mil veículos. Destes, 13 mil já foram
revendidos e 28 mil destruídos.
A
crise é a maior já enfrentada nos 80 anos de história da maior
montadora da Europa e provocou a renúncia do presidente mundial da
empresa, em 2015.
Um ano atrás, a Volkswagen foi condenada a
pagar US$ 4,3 bilhões em multas e estima gastar mais de US$ 25 bilhões
em danos para consumidores, agências de meio ambiente e revendedores.
CLIMA IDEAL
Devido
ao clima quente e seco, além da quantidade quase sem fim de terrenos
disponíveis, a região californiana é perfeita para armazenamento de
máquinas. O aeroporto Southern California Logistics, que não opera voos
comerciais, tem 288 aeronaves, algumas para serviços de manutenção,
outras para reciclagem, aposentadoria ou espera para revenda.
O "cemitério de aviões" guarda muitos modelos 747 e é usado por diversas companhias aéreas, como United, Air China e Lufthansa.
Os
automóveis começaram a chegar no começo de 2017. É possível ver o
estacionamento da pequena estrada que separa Victorville e Adelanto, uma
"cidade de possibilidades ilimitadas", como diz seu letreiro de
boas-vindas.
Uma grade coberta com tecido preto protege a
propriedade, que se estende até a estrada perder o asfalto e virar puro
deserto. Ao longe, é possível ver alguns aviões.
Na parte
asfaltada, há uma comunidade com casas simples, trailers e um
restaurante mexicano. O motorista desempregado Michael Robuck, 43, mora
na região há 30 anos e relembra a bagunça quando os veículos surgiram.
"A gente nem se dá conta dos aviões, mas dos carros sim. Foram meses e
meses de caminhões trazendo os carros. Às vezes dava para contar 30
caminhões num dia."
Notícias ao Minuto com informações da Folhapress
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