O BEIJO DE JUDAS FOI A FORMA QUE JUDAS ISCARIOTES IDENTIFICOU JESUS AOS SOLDADOS QUE O PRENDERAM
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A Captura de Cristo, mostrando, a partir da esquerda, João, Jesus, Judas, dois soldados, um homem e outro soldado - 1602 - Por Caravaggio ou um de seus discípulos, atualmente na National Gallery of Ireland, em Dublin, Irlanda |
O Beijo de Judas foi, de acordo como os evangelhos sinóticos, a forma que Judas Iscariotes identificou Jesus aos soldados que vieram prendê-lo. O evento, principalmente na arte cristã, passou a significar a traição a Jesus, que ocorreu no Getsêmani após a Última Ceia e que levará diretamente à prisão de Jesus pela força policial do Sinédrio. Na teologia cristã, os eventos iniciados na Última Ceia até a ressurreição de Jesus são conhecidos como Paixão.
De forma mais ampla, um "beijo de Judas" pode se referir a "um ato que aparentemente é de amizade, mas que na realidade é prejudicial a que o recebe".
O beijo está relatado em Mateus 26:47-50, Marcos 14:43, Marcos e Lucas 22:47-48. Em João 18:2-9 aparece o evento da traição, mas sem menção a um beijo de Judas.
Narrativa bíblica
Tanto o Evangelho de Mateus quanto o de Marcos se utilizam do verbo grego kataphilein, que significa "beijar firmemente, intensamente, com paixão, ternamente ou calorosamente". É o mesmo verbo que Plutarco usa para descrever um beijo famoso que Alexandre, o Grande, deu em Bagoas. De acordo com o Evangelho de Mateus, Jesus respondeu dizendo "Amigo, a que vieste?". Esta frase provocou muita especulação sobre se Jesus e Judas estariam em acordo entre si e que não houve de fato uma traição, pois Judas estaria fazendo algo que lhe fora pedido. O Evangelho de Lucas apresenta uma história bem diferente: Jesus vê Judas vindo e o interpela perguntando: "Judas, com um beijo entregas o Filho do homem?" E, aparentemente, nenhum beijo foi dado. Geza Vermes, porém, em seu livro Jesus the Jew ("Jesus, o judeu"), apresenta outra hipótese: a palavra aramaica barnasha - literalmente "filho do homem", mas que significa "esta pessoa" - é utilizada na literatura rabínica como uma forma humilde de alguém se referir a si mesmo para um interlocutor. Ela corresponde exatamente, em português, ao tratamento "este que vos fala". Segundo Geza, Jesus estaria dizendo "Judas, com um beijo me trais?".
No Evangelho de João, absolutamente nada se diz sobre um "beijo de Judas".
A cena da "traição a Jesus" é quase sempre representada com o beijo propriamente ou o momento seguinte, a prisão de Jesus, ou ainda uma combinação dos dois nos ciclos da vida de Jesus ou da Paixão de Jesus.
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Prisão de Cristo 1621. Por Guercino, atualmente no Fitzwilliam Museum, em Cambridge, Reino Unido |
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