49ª fase da Lava Jato: Ex-ministro Delfim Netto é alvo de operação da Polícia Federal

A
49ª fase da Lava Jato foi deflagrada nesta sexta-feira (9) para cumprir
nove mandados de busca e apreensão, em Curitiba (PR), São Paulo,
Guarujá (SP) e Jundiaí (SP). As investigações apuram propina para
favorecer o consórcio que venceu a licitação para construção da Usina de
Belo Monte, no Pará.
Um
dos alvos de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) é a casa de
Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do
Planejamento e ex-deputado federal.
Ele
é suspeito de receber 10% dos valores que as empresas teriam pago para
serem beneficiados pelo contrato. Os outros 90% seriam divididos entre
PMDB e PT.
O
nome de Delfim Netto apareceu na delação de Flário Barra, ex-executivo
da Andrade Gutierrez. O delator afirmou ter pago R$ 15 milhões ao
político. Nesta sexta, o Ministério Público Federal (MPF) relatou ter
rastreado valores superiores a R$ 4 milhões.
O
dinheiro pago a Delfim foi uma gratificação por sua atuação na montagem
do consórcio de empresas, segundo delação de Barra. O valor foi
depositado por meio de contratos fictícios de empresas de um sobrinho,
Luiz Apollonio Neto. Na época, o advogado Maurício Leite declarou que
Delfim Netto sempre prestou consultoria e recolheu todos os impostos de
acordo com a lei.
Na
ocasião, o ex-ministro alegou prestar consultorias à Odebrecht há 20
anos, mas não ter contrato assinado. E que recebeu o valor em espécie
“por motivos pessoais, por pura conveniência” e que desconhecia que o
dinheiro havia saído do setor de propinas da empreiteira.
O G1 ligou para o escritório e para o celular do advogado de Delfim Netto por volta das 8h50, mas não o localizou.
Em
nota, o PMDB afirmou que não recebeu propina nem recursos desviados no
Consórcio Norte Energia e lamentou que “uma pessoa da importância do
ex-deputado Delfim Neto esteja indevidamente citada no processo”.
49ª fase
Segundo
o Ministério Público Federal (MPF), há fortes indícios de que o
consórcio Norte Energia foi indevidamente favorecido por agentes do
governo federal para vencer o leilão destinado à concessão da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte.
Posteriormente,
ainda de acordo com o MPF, mediante acordos de corrupção, a Norte
Energia direcionou o contrato de construção da usina a outro consórcio,
formado por empresas que deveriam efetuar pagamentos de propina em favor
de partidos políticos e seus representantes, no percentual de 1% do
valor do contrato e seus aditivos.
As
investigações envolvendo o esquema de corrupção originaram-se de
leniências firmadas pelo MPF com as empresas Andrade Gutierrez e Camargo
Corrêa, assim como acordos de colaboração premiada celebrados com os
executivos e homologados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em razão
do envolvimento de pessoas com prerrogativa de foro.
Assim,
parte das investigações permanece em curso na Procuradoria-Geral da
República (PGR), em Brasília, e a apuração dos fatos ilícitos relativos a
pessoas sem prerrogativa de foro foi remetida à 13ª Vara Federal de
Curitiba.
Conforme
o MPF, durante a investigação, foram realizadas diligências, como
afastamento de sigilos bancário, fiscal, telemático e de registros
telefônicos, que revelaram a existência de estreitos vínculos entre os
investigados e corroboraram com os ilícitos narrados pelos
colaboradores.
Também
compõem o material probatório as colaborações premiadas de executivos
da Odebrecht, igualmente remetidas pelo STF, acompanhadas de diversos
documentos que reforçam os indícios de prática dos fatos criminosos.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário