Sete pessoas são presas na 48ª fase da Operação Lava Jato na manhã desta quinta-feira
(Foto: Luíza Vaz/RPC) |
A
Polícia Federal (PF) prendeu temporariamente sete pessoas na manhã
desta quinta-feira (22), na 48ª fase da Operação Lava Jato, batizada de
Integração. Um dos presos é o diretor-geral do Departamento de Estradas
de Rodagem no Paraná (DER/PR), Nelson Leal.
Os
policiais também cumpriram mandados de busca e apreensão em três
estados, além do Paraná. Foram feitas buscas, nesta manhã, no Palácio
Iguaçu, sede do Governo do Paraná. Ao todo, 50 ordens judiciais foram
expedidas.
Essa
nova estapa da operação, conforme a PF, apura corrupção, fraude a
licitações e lavagem de dinheiro na concessão de rodovias do Paraná.
Os
alvos principais, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF), são
servidores públicos e empresas investigadas por corrupção, lavagem de
dinheiro, associação criminosa e peculato.
Carlos
Nasser, funcionário com cargo em comissão da Casa Civil, que fica na
sede do governo do Paraná, foi alvo de busca e apreensão. Ele é
considerado homem de confiança do governador Beto Richa (PSDB).
Também
há mandados de busca e apreensão sendo cumpridos na presidência do
Departamento de Estradas de Rodagem no Paraná (DER/PR) e na Companhia de
Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar).
O G1 tentou
ligar para a Casa Civil, para a Secretaria de Comunicação do Governo do
Paraná, para o DER/PR e para a Celepar por volta das 7h30, mas ninguém
atendeu. A reportagem também enviou e-mail para esses órgãos, mas, até a
última atualização desta reportagem, não obteve retorno.
Os
50 mandados de busca e apreensão devem ser cumpridos nas seguintes
cidades: Londrina, Curitiba, Jataizinho, Paranavaí, no Paraná; em
Balneário Camboriú, em Santa Catarina; Rio de Janeiro; e São Paulo.
Servidores da Receita Federal e representantes do Ministério Público Federal (MPF) também participam da ação.
Anel da Integração
De
acordo com a PF, o foco desta etapa, que é a primeira de 2018, é a
apurar casos de corrupção envolvendo os procedimentos de concessão de
rodovias federais do Paraná que fazem parte do Anel da Integração.
Criado
em 1997, o Anel da Integração interliga as principais cidades do
Paraná. São seis lotes de concessão de estradas federais por um prazo de
24 anos. O Anel da Integração tem 2,4 mil quilômetros.
Segundo
a PF, a concessionária Econorte usou os serviços dos operadores Adir
Assad e Rodrigo Tacla Duran, já investigados na Lava Jato, para lavar
dinheiro.
Ainda
conforme a polícia, os operadores viabilizaram o pagamento de propina a
funcionários do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(DNIT), do DER/PR e da Casa Civil do governo do Paraná.
Dinheiro a empresas de fachada
De
acordo com o MPF, a Econorte recebeu cerca de R$ 2,3 bilhões de tarifas
pagas pelos usuários entre 2005 e 2015. Deste total, pelo menos R$ 63
milhões foram repassados, conforme o MPF, para empresas de fachada ou
sociedades cuja prestação de serviço ou entrega de produtos não foi
confirmada.
Uma
subsidiária integral em contratos de conservação de rodovias recebeu R$
343 milhões e R$ 110 milhões, da subsidiária integral, foram repassados
a holding do grupo, segundo o MPF.
Superfaturamento
As perícias técnicas realizadas pelo MPF apontaram superfaturamento nos valores das obras das concessionárias.
Um
laudo técnico, que usou como parâmetro a tabela do Sistema Nacional de
Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), da Caixa
Econômica Federal, mostrou que o sobrepreço de itens da planilha chegou a
89% em relação ao valor de mercado.
Apesar
de existir uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) e um
estudo técnico que recomendava a redução da tarifa em 18%, a Econorte
foi favorecida por dois termos aditivos e um termo de ajuste que
aumentaram a tarifa paga pelo usuário em mais de 25%.
Então,
ainda de acordo com o MPF, o DER/PR dizia ter necessidade de
reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Esse valor a mais,
conforme o MPF, era usado para pagamentos indevidos.
G1
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