Ex-ministro Antônio Palocci pede para ser ouvido novamente na Operação Lava Jato
Entre os assuntos que Palocci gostaria de abordar, de acordo com seus advogados, está a formação e o financiamento da Sete Brasil
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O ex-ministro
Antonio Palocci Filho pediu para ser ouvido novamente no âmbito da
Operação Lava Jato. A petição foi apresentada na quarta-feira (7), nos
autos do processo em que Palocci aguarda ser julgado pelo TRF-4
(Tribunal Regional Federal da 4ª Região).
O juiz Sergio Moro condenou Palocci em junho de 2017 a 12 anos
de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Ele está preso
desde setembro de 2016.
"O recorrente quer ser interrogado
novamente a fim de cooperar na elucidação dos fatos criminosos
-relacionados na denúncia- dos quais participou, detalhando com exatidão
todos os meandros de sua atuação criminosa", diz a peça apresentada por
seus advogados.
A
defesa de Palocci vem tentando fechar acordo de colaboração premiada.
Conforme noticiou a Folha de S.Paulo, seus advogados voltaram a
conversar sobre a possibilidade com a equipe de Raquel Dodge na PGR
(Procuradoria-Geral da República).
Na petição desta quarta, a
defesa afirma que, independente da realização do acordo, Palocci teria
escolhido "a cooperação imediata e espontânea" como caminho para a
resolução de seus débitos com a Justiça.
Os advogados citam que o
ex-ministro já teria mostrado a intenção de colaborar em depoimento
prestado a Moro em setembro de 2017. Palocci foi ouvido como testemunha
na ação em que o ex-presidente Lula é acusado de ter recebido da
Odebrecht um terreno de R$ 12,4 milhões, destinado a ser a nova sede do
Instituto Lula (negócio que acabou não se concretizando).
Na
ocasião, o ex-ministro afirmou que Lula avalizou um "pacto de sangue" no
qual a Odebrecht se comprometeu a pagar R$ 300 milhões em propinas ao
PT entre o final do governo Lula e os primeiros anos do governo de Dilma
Rousseff.
Segundo a defesa de Palocci, os novos fatos que
pretende contar já começaram a ser esclarecidos naquele depoimento, mas
não foram esgotados. "Na ocasião [...] o recorrente teve que dar mais
atenção aos fatos que eram objeto daquela denúncia, não podendo
discorrer de modo mais extenso sobre os acontecimentos ilícitos que
compõem o objeto da presente ação penal", diz a petição.
Entre os
assuntos que Palocci gostaria de abordar, de acordo com seus advogados,
está a formação e o financiamento da Sete Brasil; conversas das quais
participou para organizar o esquema de propina decorrente das sondas;
atos por ele praticados na operacionalização do recebimento de propinas;
vantagens indevidas por ele solicitadas e indicação da origem e do
destino das propinas.
A defesa afirma que Palocci queria, desde o
primeiro momento, "ter narrado tudo sobre a sua participação criminosa",
mas que não o fez porque "não queria invadir o sigilo inerente ao seu
procedimento de colaboração premiada".
Em interrogatório a Moro em
abril, o ex-ministro havia negado ter favorecido a Odebrecht em troca
de recursos ilícitos. "Eu nunca pedi ou operei caixa dois. Mas ouvi
dizer que isso existiu em todas as campanhas, isso é um fato. Encerro
aqui e fico à sua disposição porque todos os nomes e situações que optei
por não falar aqui por sensibilidade da informação estão à sua
disposição", disse, à época.
DENÚNCIA
A denúncia acatada por
Moro, que resultou na condenação de Palocci, trata especificamente do
pagamento de US$ 10 milhões para o casal de publicitários João Santana e
Mônica Moura, entre 2011 e 2012.
O dinheiro seria propina vinda de um contrato de sondas da Odebrecht
com a Petrobras, em cuja licitação Palocci interferiu, segundo a
acusação, para beneficiar a empreiteira.
Política ao Minuto com informações da Folhapress
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