CANDIDATURA DE MARANHÃO AGONIZA MAS ELE ESTRIBUCHA. ZÉ QUER SALVAR UM PARTIDO EM CRISE MAS PODE NEM SALVAR A PRÓPRIA PELE
Por Gilvan Freire

Diferente de outros líderes partidários no estado, Zé Maranhão não é
um simples chefe de partido, é dono do PMDB. Menos porque quer e mais
porque o tempo e as disputas internas (especialmente a divisão com os
Cunha Lima) deram-se o título de propriedade.
Tem havido, nos últimos tempos, cizânias e escaramuças, mas os
dissidentes batem em retirada sem poder medir forças com ele. Entre os
disertores figuram entre outros Wilson Santiago, Gervasinho, Trocolli
Jr. e Veneziano, o último a caminho da desfiliação, embora deixando a
mãe de olho no dote maranhista: o mandato de senador (ela é 1ª
suplente).
Ninguém sai do PMDB levando nacos eleitorais grandes, nem
conquistando mais do que tinha dentro do partido. E ninguém quer atacar
Maranhão para não perder os votos peemedebistas existentes na
geopolítica estadual. Ou seja: saem do PMDB mas preservam a alma
peemedebista, como quem muda de igreja mas mantém a mesma religião.
A ascensão de Ricardo Coutinho ao topo da carreira política na
Paraíba e seu estilo voraz e predador mudaram as correlações de forças
internas dentro do PMDB, especialmente depois que Maranhão perdeu a
eleição de governador. RC tem feito várias incursões para dominar o
partido, com ou sem Maranhão. Precisaria de um grande partido para
chamar de seu, vez que o nanico PSB, mesmo com os bafos governamentais, é
tão anêmico que não consegue oferecer sequer um candidato para
suceder-lhe com magma popular.
Resta a RC render Maranhão ou implodir o PMDB, para que o partido não
sirva ao projeto político da oposição de retomada do governo. Isso não é
fácil mas é possível, pois RC controla os quadros políticos mais
influentes do partido pelo interior, embora inferiorizado na Capital por
causa da resistência de Manoel Jr., hoje aliado leal de Luciano Cartaxo
na nova rota do poder na Paraíba.
Maranhão
é hábil e joga o jogo profissionalmente, mas entrou em terreno
pantanoso, cercado de bichos e feras de todos os lados. Ele ainda faz de
conta que tem o controle da área, mas o terreno se mexe como um
sumidouro de areia movediça. Zé patina se equilibrando o quanto pode
para não submergir de vez.
A candidatura de Zé está, possivelmente, fadada ao esmagamento, tanto
pela ação desestabilizadora de Ricardo Coutinho quanto pelo avanço de
Luciano Cartaxo e seus aliados influentes no Estado (leia-se Cássio,
Romero, Rômulo, Agnaldinho e outros).
Embora pessoas próximas a maranhão, (as viúvas de seus governos),
tramem uma aliança RC/Zé, porque já teriam benefícios do atual governo, o
cacique peemedebista só pensa como não capitular, diante das ameaças a
seu feudo partidário. Ouviu Temer, esta semana, que lhe fez ponderações
para não entregar o PMDB a RC e se alinhar com setores da convergência
governista nacional, além de uma defesa do mandato de Lira. Zé
tranquilizou o chefão da cúpula com uma frase enigmática: não vou fazer
aventuras – disse.
Mas, pelo menos, RC já tem tirado, até agora, o melhor proveito da
candidatura de Zé: a divisão das oposições. É uma vitória e tanto para
quem não tem um candidato competitivo e precisa afastar o fantasma do
candidato favorito nas pesquisas, apoiado pelo seu arqui-inimigo Cássio.
E Zé ainda não encontrou a rota de fuga para escapar do atoleiro em que
se meteu às pressas para tentar salvar o PMDB do naufrágio que parece
inevitável.

Fonte: Polêmica Paraíba - Créditos: gilvan freire - Publicado por: Gutemberg Cardoso
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