Campanha eleitoral da reeleição de Lula foi feita com Caixa 2, afirmam marqueteiros
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Ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva |
O
juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações em primeira instância
da Operação Lava Jato, começou a ouvir nesta segunda-feira (5) os
depoimentos sobre o processo do Sítio de Atibaia, que tem como réu o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os delatores condenados na operação, os marqueteiros Mônica Moura e João Santana, foram os primeiros a prestar esclarecimentos.
A
publicitária Mônica Moura afirmou que, dos R$ 18 milhões da campanha de
reeleição de Lula, em 2006, R$ 10 milhões foram pagos por caixa 2. E
fez questão de reforçar que a forma de pagamento era imposta pelo
partido.
“O caixa 2 era opção absolutamente deles… nós, nos
últimos anos, desde que a gente começou, eu consegui cada vez mais
aumentar o valor do caixa 1. Claro que era mais caro, mas era muito mais
seguro, era menos risco, não tinha que carregar mala de dinheiro para
lugar nenhum”, argumentou.
Sobre a prática de caixa 2, Mônica Moura reafirmou a Moro:
“Não
existe campanha política no Brasil sem dinheiro não contabilizado, o
caixa 2, não se faz. Se alguém disser que faz não está falando a
verdade”, disse.
Palocci propôs caixa 2 no exterior
Já
o marqueteiro João Santana revelou detalhes sobre os bastidores das
negociações dos pagamentos “não contabilizados” que recebeu durante a
campanha de reeleição de Lula. E afirmou que, num primeiro momento,
chegou a exigir de Palocci que, naquela campanha, não houvesse caixa 2.
“Quando
estava para se negociar o contrato, eu falei com o Palocci que, tendo
em vista a crise que eles tinham vivido (o escândalo do mensalão), era
fundamental que essa campanha não tivesse caixa 2”, disse.
Segundo
João Santana, num primeiro momento Palocci teria concordado com o
pedido, mas mudou os planos meses depois, propondo uma “forma segura”
para receber os valores; a abertura de uma conta no exterior.
“Ele
concordou num primeiro momento, Palocci (com seu jeito) diplomático e
jeitoso de ser. E no decorrer sentou com a Mônica e disse que teria
dificuldades de se cumprir tudo”.
Sítio de Atibaia
De
acordo com a denúncia do MPF, o ex-presidente Lula seria responsável
por comandar “uma sofisticada estrutura ilícita para captação de apoio
parlamentar, assentada na distribuição de cargos públicos na
Administração Pública Federal” e teria recebido cerca de R$ 870 mil em
vantagens indevidas em forma de reformas, construção de anexos e outras
benfeitorias no Sítio de Atibaia.
Além de Lula, o ex-presidente da
Odebrecht, Marcelo Odebrecht; o dono da OAS, Léo Pinheiro; o pecuarista
José Carlos Bumlai; e mais nove foram denunciados na mesma ação penal.
Todos são acusados de lavagem de dinheiro e corrupção ativa ou passiva.
O ex-presidente foi denunciado em maio de 2017 e tornou-se réu em agosto do mesmo ano.
Processo
O
juiz começa ouvindo as testemunhas de acusação e, em seguida, ouve as
testemunhas de defesa. Segundo Moro, os advogados do ex-presidente Lula
arrolaram 59 pessoas para prestar depoimento.
Os réus são os últimos a serem ouvidos.
UOL
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