Ficha Limpa: Tribunal Superior Eleitoral vai julgar recurso do ex-presidente Lula
A Lei da Ficha Limpa impede que condenados por órgãos colegiados (formados por grupos) sejam candidatos
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luiz Fux,
disse nesta quinta-feira (8) que é possível que a corte volte a examinar
a possibilidade de um político ficha suja registrar candidatura para
concorrer à eleição. O tema ganhou relevância em razão da possibilidade
de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer em 2018.
A Lei da Ficha Limpa impede que condenados por órgãos colegiados
(formados por grupos) sejam candidatos, mas um de seus artigos deixa uma
abertura, conforme mostrou a Folha de S.Paulo.
De acordo com a lei, em meio à campanha o réu pode conseguir uma
liminar junto aos tribunais superiores para suspender a inelegibilidade
de candidatos já condenados na Justiça.
Em conversa com jornalistas, Fux afirmou que vai discutir o assunto com
os colegas da corte. Ele não falou sobre nenhum caso específico.
"Vou avaliar com colegas do tribunal se essa praxe das liminares vai
ser entendida sob esse ângulo. Isso vai ser reavaliado. Até hoje nós
tivemos alguns casos e nós vamos julgar eles antes do início das
eleições", afirmou.
Também ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Fux disse que, em
sua opinião, é considerado sub judice aquele que está ainda aguardando
um julgamento em primeira ou segunda instância.
"Em princípio, quem já está com a situação definida de inelegibilidade
evidentemente não pode se registrar. Isso é ideia de uma corrente, que o
juiz pode agir de ofício", disse o presidente do TSE.
"Outros acham que tem que requerer [o registro de candidatura, que pode
ser impugnado]. Isso é algo que tem que passar pelo colegiado",
acrescentou.
O presidente do tribunal eleitoral defendeu que haja uma pacificação de
entendimento, para que não haja risco de diferentes interpretações na
hora de decidir sobre o registro de candidatura.
"Temos vários casos de candidatos enquadrados na Ficha Limpa que estão
dependendo dessa interpretação. A gente confere a elegibilidade no
momento da eleição."
RECURSOS
Lula foi condenado em 2017 na Lava Jato pelo juiz Sergio Moro, do
Paraná, e teve a apelação negada no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da
4ª Região) em janeiro.
Os desembargadores mantiveram a condenação e aumentaram a pena, de 9
anos e 6 meses para 12 anos e um mês de prisão em regime fechado por
lavagem de dinheiro e corrupção passiva no caso do tríplex do Guarujá
(SP).
Agora, a defesa de Lula tenta uma liminar nos tribunais superiores para
derrubar a decisão do TRF-4, a fim de evitar sua prisão e a declaração
de inelegibilidade.
A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), se
manifestou em redes sociais sobre o tema, criticando às declarações do
presidente do TSE.
"Como é?! Os srs. vão alterar uma lei na sessão do TSE? Ministro, com
todo respeito, quem faz lei é o legislativo. Ao judiciário cabe
aplicá-la. A lei das eleições é clara no sentido do registro de
candidaturas -art. 16A. Até agora funcionou assim para tod@s", escreveu a
senado-ra paranaense.
Logo após a manutenção da condenação pelo TRF-4, a defesa do petista
entrou com um pedido de habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de
Justiça) para impedir sua prisão e também solicitando o afastamento da
situação de inelegibilidade.
O ex-presidente ainda foi ao Supremo com um pedido de habeas corpus
preventivo para que fique em liberdade até que todos os recursos do caso
sejam analisados.
SEPÚLVEDA
Novo advogado de Lula, o ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence se
reuniu nesta quinta-feira com o ministro Edson Fachin, relator da Lava
Jato na corte.
Sepúlveda disse a jornalistas que, em sua opinião, o tribunal pode
julgar o habeas corpus antes que as instâncias inferiores terminem de
analisar o caso ainda cabe recurso no próprio TRF-4.
"Nós fizemos um apelo [para que a decisão sobre o habeas corpus seja
rápida], dada a velocidade do tribunal de Porto Alegre. Está aberto o
prazo para os embargos de declaração, e consequentemente próximo à queda
da suspensão da ordem de prisão", disse Sepúlveda, que assumiu a defesa
no começo desta semana. Fachin, no entanto, não deu prazo para decidir
sobre o tema, afirmou.
Um dos advogados de Lula, Cristiano Zanin disse que o petista está
"sereno, mas com a indignação natural de uma pessoa condenada sem ter
cometido um crime".
Procurado para comentar as declarações de Fux, Zanin disse não ter
conseguido assistir às palavras "exatas" do ministro e por isso não quis
se manifestar.
Para Sepúlveda, o STF pode julgar o habeas corpus de Lula antes que o
STJ e o TRF-4 concluam os julgamentos justamente pela "velocidade" do
TRF-4.
A expectativa da defesa é que o caso seja discutido na segunda turma do
STF, cujos ministros têm perfil garantista (a favor do réu cumprir a
pena depois de esgotados os recursos) ou levar o assunto para o plenário
do Supremo a fim de mudar o entendimento do tribunal sobre prisão após
condenação em segunda instância.
Folhapress
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