'Nova Política' está em ebulição no Brasil, aponta estudo do Instituto Update
O objetivo desses grupos é entrar no jogo eleitoral |
Jornal do Brasil
Das 700 iniciativas
de renovação, participação e transparência política mapeadas pelo
Instituto Update em 21 países da América Latina, 266 (38%) estão no
Brasil. Embora relevante, a expectativa é que esse número se apresente
ainda maior em maio, com a conclusão da segunda fase do levantamento - e
a inclusão de movimentos que nasceram ou ganharam relevância a partir
de 2017, como RenovaBr, Agora!, Frente Favela Brasil e outros. O
fenômeno aponta para busca de alternativas às formas tradicionais de
engajamento e também às instituições partidárias
Batizada de
"Emergência Política", a pesquisa é um retrato do período mais
efervescente do processo de impeachment da presidente cassada Dilma
Rousseff (entre 2015 e 2016). Ela indicou um equilíbrio entre as
iniciativas que usam ferramentas digitas (aplicativos de acompanhamento e
controle de mandatos parlamentares, por exemplo) e práticas não
digitais como associações e movimentos de rua. A maior parte dessas
ações (80%) buscam envolver a sociedade nos processos políticos de forma
propositiva. "Essas ações aumentam a crença na política como ferramenta
de transformação. Mas também significam uma vontade de descobrir novos
meios de participação. A sociedade está vivendo um momento muito
especial", disse Rafael Poço, pesquisador e cofundador do Instituto
Update.
O
leque de iniciativas passa pela ocupação cultural de um espaço público
específico ao ativismo com foco na pressão ao poder público local;
atingem um patamar nacional com ações de formação de lideranças
políticas, como é o caso da Raps (Rede de Ação Política pela
Sustentabilidade) e do RenovaBR; e são até embriões de futuros partidos,
como é o caso da Frente Favela Brasil, que pretende se
institucionalizar nos próximos anos.
Na base desse movimento
estão as ações que, entre outras coisas, procuram traduzir ou explicar o
funcionamento da política tradicional para o cidadão comum como propõe
Ônibus Hacker, que nasceu do grupo Transparência Hacker. "Vamos de
cidade em cidade ensinando, por exemplo, crianças como se faz um projeto
de lei", contou uma das coordenadoras do projeto Evelyn Gomes.
Avanço
O
acúmulo de iniciativas de renovação estão convergindo para movimentos
de atuação política direta - com presença nos partidos e nas próximas
eleições. Inseridos nesses centros formadores também estão movimentos,
como o Agora!, Acredito e a Frente Favela Brasil. O objetivo desses
grupos é entrar no jogo eleitoral, elegendo representantes para o
Legislativo. Na semana passada, o Agora! e o PPS assinaram uma
carta-compromisso indicando que o partido pode receber os membros do
movimento em seus quadros para disputar as eleições.
Para a
cientista política Nara Pavão, da Universidade Federal de Pernambuco,
essas iniciativas são o resultado natural de uma janela de oportunidade
que se abre com a crise política. Contudo, ela alerta: "É importante
lembrar que a bandeira da renovação nem sempre vai ter a força que tem
hoje, então é possível que esses movimentos se enfraqueçam ou que seus
quadros sejam naturalmente incorporados à política tradicional ao longo
do tempo". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
Fonte: Estadão Conteúdo
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