De acordo com pesquisa divulgada pelo IBGE, falta trabalho para 26,4 milhões de brasileiros
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| Jorgina Cordeiro - (Foto: Daniel Silveira/G1) | 
Faltava
 trabalho para cerca de 26,4 milhões de brasileiros no quarto trimestre 
de 2017, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
(PNAD) trimestral divulgada nesta sexta-feira (23) pelo Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística. Esse número representa os 
trabalhadores subutilizados no país, grupo que reúne pessoas que 
poderiam trabalhar, mas estão desocupadas, e aqueles que trabalham menos
 de 40 horas semanais.
(Correção:
 O IBGE divulgou que o número de subutilizados somava 26,3 milhões de 
pessoas no Brasil. Cerca de 45 minutos depois, corrigiu a informação 
para 26,4 milhões.)
O
 índice de subutilização atingiu 23,6% da força de trabalho no quarto 
trimestre de 2017, uma queda em relação trimestre anterior, de 23,9%, 
mas ainda acima do registrado no mesmo período do ano passado, de 22,2%.
São considerados trabalhadores subutilizados:
- desempregados: não trabalham, mas procuram empregos nos últimos 30 dias
- subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais
- força de trabalho potencial: grupo que inclui os desalentados (que desistiram de procurar emprego) e pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.
Desempregados
A
 taxa de desemprego vem caindo no Brasil ficou em 11,8% no quarto 
trimestre do ano, 0,6 ponto percentual abaixo dos valores registrados 
três meses antes. Cerca de 12,3 milhões de brasileiros estavam 
desocupados no fim do ano.
Subocupados
A
 taxa de subocupados no quarto trimestre foi de 18%, abaixo do 
registrado no trimestre anterior (18,5%), mas ainda acima do que patamar
 do quarto trimestre do ano anterior (17,2%).
Mãe
 de quatro filhos, a promotora de vendas Jorgina Cordeiro Muniz, de 38 
anos, é um exemplo de trabalhador subocupada. Após dois anos 
desempregada, ela conseguiu ser contratada para distribuir jornal de 
circulação gratuita pelas ruas do Rio. Sua jornada diária de trabalho é 
de 4 horas por dia – 20 horas semanais -, sempre pelas manhãs.
“Eu não só posso trabalhar mais, como quero trabalhar mais. Preciso muito complementar minha renda”, afirmou.
Sem
 ocupação após o meio dia, Jorgina busca trabalhos diversos, os chamados
 bicos, para lhe garantir um complemento de renda. Nesta semana, ela 
conseguiu uma oportunidade de distribuir nas ruas da cidade panfletos de
 uma rede de alimentação carioca. Mas, ela confessa que gostaria de ter 
uma ocupação fixa que lhe rendesse maior renda sem ter de se dividir em 
mais de uma atividade.
“Pra
 mim, hoje, é melhor fazer só 4 horas e poder pegar outros serviços. Mas
 eu estou querendo mesmo é outro trabalho de carteira assinada que me 
pague melhor”, revelou.
Desalento
Aqueles
 trabalhadores que desistiram de procurar emprego deixam de fazer parte 
da população desempregada do país e passam a compor o que o IBGE 
classifica como “desalento”. Ou seja, alguém que pode e quer trabalhar, 
mas não procurou emprego nos últimos 30 dias.
Os
 dados do IBGE mostram que existiam 4,3 milhões de pessoas nessa 
condição no Brasil no quarto trimestre de 2012, o maior contingente 
registrado desde 2012, quando começou a série histórica da pesquisa.
De
 acordo com o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar 
Azeredo, o desalento está diretamente relacionado ao desemprego. “Se a 
desocupação está alta, o desalento também fica alto. A pessoa 
desalentada acha que é muito nova ou muito velha para trabalhar, ou que 
não tem experiência, ou acha que não tem vaga”.
“Ela
 ouve falar tanto em desemprego, que fica desestimulada a procurar 
emprego”.Entre os subutilizados, o IBGE conta também aqueles que 
gostariam e tem condições de trabalhar, mas, por algum motivo, não tem 
disponibilidade.
É
 o caso da dona de casa Teresa Kelma Oliveira, de 37 anos, fora do 
mercado de trabalho há 3 anos. Ela gostaria de trabalhar, mas precisa se
 dedicar aos cuidados da filha caçula e da avó.
“Quando
 eu trabalhava, quem tomava conta da minha filha caçula era o meu filho 
do meio. No mês seguinte à minha demissão, ele começou a trabalhar e eu 
fiquei sem ninguém para cuidar dela. Depois, cheguei a procurar emprego,
 mas sem sucesso, e depois não tentei mais porque eu não poderia aceitar
 por conta da minha filha”, conta.
Teresa
 enfatizou que ainda hoje ela não tem condições de assumir um trabalho. 
“Quando minha mãe estiver em casa, quando ela se aposentar, eu vou me 
sentir mais segura para voltar ao mercado de trabalho”, disse.
G1
 
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