Atos em favor do ex-presidente Lula durante julgamento colocam Exército em alerta
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Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO |
O
líder do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, anunciou
nesta sexta-feira, 5, por meio de um vídeo, que a Frente Brasil Popular
pretende realizar atos em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva durante o julgamento do petista pelo Tribunal Regional Federal da
4.ª Região (TRF-4), no dia 24, em Porto Alegre. O tom da mensagem de
Stédile “acendeu a luz de alerta” dos serviços de inteligência das
Forças Armadas.
As instituições acompanham as atividades de
movimentos como o MST e de seus líderes, como Stédile, “dentro da agenda
de trabalho de rotina em todo o País”, conforme disse o Estado na
sexta-feira um oficial da área de inteligência. O alto comando das
Forças recebe regularmente relatórios sobre ações dos grupos mais
ativos.
Na convocação feita no vídeo, Stédile também afirmou que o
MST e outros 87 grupos e partidos que integram a Frente Brasil Popular
preparam, a partir de março, uma série de mobilizações em defesa do
ex-presidente que vai culminar em ato para 100 mil pessoas no Maracanã,
em julho. A partir de então, segundo Stédile, os movimentos vão
transformar a campanha eleitoral em uma “luta de classes”.
Além de
atos no TRF-4, no dia do julgamento que pode tornar Lula inelegível,
Stédile anunciou manifestações diante de fóruns de cidades menores,
“sobretudo da Justiça Federal nas capitais para demonstrar nossa
indignação”. “Nosso foco não é apenas Porto Alegre”, disse João Paulo
Rodrigues, companheiro de Stédile na coordenação nacional do MST.
O
tom do discurso das organizações de esquerda tem endurecido nos últimos
dois anos, desde que foi desencadeado o processo de impeachment da
presidente cassada Dilma Rousseff, avalia o militar, que, no entanto,
não reconhece a existência de “um exército do MST”.
A
preocupação é de que as manifestações possam evoluir para o confronto
direto – e violento – com a polícia e, “pior, para a pressão além do
limite sobre o Judiciário, sobre os magistrados principalmente”.
Outro
motivo de apreensão é o choque entre organizações divergentes – como o
Movimento Brasil Livre (MBL), apoiadores do deputado Jair Bolsonaro e os
quadros do MST, no campo, ou do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST), nas cidades. O MBL se mobiliza para protestos contra Lula no dia
do julgamento.
No vídeo divulgado nesta sexta-feira, Stédile diz
que a ideia é realizar, a partir de março, etapas do processo que ele
chamou de “congresso do povo” em todos os municípios brasileiros. Em
seguida, as propostas seriam levadas a encontros estaduais. “E,
finalmente, depois da Copa do Mundo, lá pelo fim de julho, faremos o
congresso do povo nacional em pleno Maracanã para juntar 100 mil, 120
mil militantes”, disse Stédile.
‘Resposta’
A partir do segundo semestre, conforme o líder sem-terra, o foco dos movimentos passa a ser “abraçar a candidatura de Lula que representa a simbologia da classe trabalhadora”. “Teremos um 2018 cheio de mobilizações, de muita disputa política em que a própria campanha eleitoral se transformará em uma verdadeira luta de classes”, disse Stédile.
A partir do segundo semestre, conforme o líder sem-terra, o foco dos movimentos passa a ser “abraçar a candidatura de Lula que representa a simbologia da classe trabalhadora”. “Teremos um 2018 cheio de mobilizações, de muita disputa política em que a própria campanha eleitoral se transformará em uma verdadeira luta de classes”, disse Stédile.
De acordo com Rodrigues, as mobilizações devem sempre ter
caráter pacífico. “Sempre procuramos minimizar qualquer tipo de
conflito, até porque quem paga é o trabalhador”, afirmou. O objetivo,
segundo ele, é dar uma “resposta política” ao avanço da direita. “Há uma
radicalização por parte de vários setores, inclusive entre os
militares. Se a gente não resistir eles engolem o campo democrático”,
disse.
Estadão
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